Em dia de demissões, totalitarista Jair Bolsonaro decide trocar o ministro da Justiça e o chefe da AGU

 
Com a demissão do ministro da Defesa, general da reserva Fernando Azevedo e Silva, a dança de cadeiras na Esplanada dos Ministérios ganha impulso. Depois da saída do general e do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o presidente da República decidiu fazer novas mudanças na equipe ministerial.

Para o lugar de Azevedo e Silva, o nome mais contado no momento é o do general da reserva Walter Braga Netto, atualmente á frente da Casa Civil da Presidência. Com a saída de Braga Netto, responsável pela intervenção na segurança pública do Rio de Janeiro, a Casa Civil poderá ser ocupada por alguém indicado pelo Centrão.

Essa sequência manobras servirá para Jair Bolsonaro retomar a relação com o Centrão sem as ameaças que dominaram o cenário político recente. É possível que o atual chefe da Secretaria de Governo da Presidência, general da reserva Luiz Eduardo Ramos, seja deslocado para a Casa Civil, deixando a vaga aberta para um indicado do Centrão, no caso a deputada federal Flávia Arruda (PL-DF). Flávia é casada com o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, protagonista do escândalo de corrupção que ficou conhecido como “Mensalão do DEM”.

Responsável pela segurança dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e ex-chefe do Estado-Maior do Exército, Azevedo e Silva deixou o governo sob a justificativa palaciana de que o presidente não gostou de entrevista concedida pelo também general Paulo Sérgio, responsável pela área da saúde do Exército, ao jornal “Correio Braziliense’”. O militar afirmou na entrevista que o Exército se prepara para uma terceira onda da pandemia e defendeu o “lockdown” como medida de contenção da Covid-19.

Na verdade, Azevedo e Silva decidiu deixar o Ministério da Defesa por discordar do pensamento golpista de Bolsonaro. A pessoas próximas o general disse não querer repetir o que viveu em maio de 2020, quando a milícia bolsonarista foi às ruas para pedir intervenção militar e o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional.

 
Por conta do episódio que afronta a Constituição, Azevedo e Silva foi obrigado a emitir nota afirmando que “Marinha, Exército e Força Aérea são organismos de Estado, que consideram a independência e a harmonia entre os Poderes imprescindíveis para a governabilidade do País”. Esse pensamento foi repetido na carta de demissão, na qual o general grafou: “Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado.”

Atual ministro da Justiça, André Mendonça deve voltar ao comando da Advocacia-Geral da União (AGU), já que Bolsonaro decidiu defenestrar o atual titular do órgão, José Levi Mello do Amaral Júnior. A passagem de Mendonça pela Justiça foi marcada por um misto de sabujice e inoperância. Para o lugar de André Mendonça, o presidente da República pretende nomear o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres.

A demissão de José Levi foi motivada pelo fato de o AGU se recusar a assinar a ação apresentada pelo próprio Bolsonaro ao STF para derrubar decretos dos governos do Distrito Federal, da Bahia e do Rio Grande do Sul que impuseram “toque de recolher” para conter o avanço da pandemia.

Em carta enviada ao a Bolsonaro, o chefe da AGU escreveu: “Excelentíssimo senhor presidente da República, com o meu mais elevado agradecimento pela oportunidade de chefiar a Advocacia-Geral da União, submeto à elevada consideração de Vossa Excelência o meu pedido de exoneração do cargo de advogado-geral da União”.

Para finalizar, essa troca de ministros revela de maneira clara, mais uma vez, que Jair Bolsonaro é um déspota, que como tal não aceita ser contrariado. Enquanto isso, o presidente da República permanece refém do Centrão.

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