Em carta de renúncia, presidente do conselho do Banco do Brasil ataca ingerência de Jair Bolsonaro

 
Presidente do Conselho de Administração do Banco do Brasil, Hélio Magalhães renunciou ao cargo nesta quinta-feira (1). Magalhães, que foi indicado ao posto pelo ministro Paulo Guedes (Economia), foi acompanhado por José Guimarães Monforte, que também deixou o colegiado. Assim como o presidente do Conselho, Monforte foi indicado pelo titular da Economia.

As renúncias acontecem após ambos, além dos também conselheiros Luiz Spinola e Paulo Roberto Evangelista de Lima, terem afirmado que o indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para presidir o banco, Fausto de Andrade Ribeiro, atende aos requisitos legais, mas não tem experiência em gestão, requisito básico para comandar a instituição financeira.

Bolsonaro nomeou Ribeiro em março em substituição a André Brandão, que renunciou após ter sido ameaçado de demissão pelo presidente da República por causa de um plano de corte de custos no BB, incluindo fechamento de 112 agências em todo o País e um plano de demissões de aproximadamente 5 mil funcionários. Brandão é tido como bolsonarista e atualmente responde pelo braço de consórcios do banco.

O presidente da República decidiu substituir Brandão por alguém alinhado ao Palácio do Planalto. Executivo do mercado financeiro, André Brandão atuou no HSBC e tinha a simpatia de Guedes, que escolheu nomes independentes para comandar estatais e instituições financeiras controladas pelo governo – Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES.

 
Na carta de renúncia, Hélio Magalhães critica a interferência de Bolsonaro no BB ao indicar o novo presidente da instituição financeira. No documento, Magalhães alegou que o motivo para deixar o cargo foi “o descaso com que o acionista majoritário vem tratando” o Banco do Brasil e “outras importantes estatais de capital aberto e seus principais administradores”.

“No caso do Banco do Brasil, me refiro às tentativas de desrespeito à governança corporativa, ainda que frustradas pela atuação diligente deste conselho e pela higidez dos mecanismos de governança da companhia. Como exemplo, cito as interferências externas na execução do plano de eficiência da companhia aprovado por este Conselho e obviamente necessário para adequá-la aos novos tempos e desafios do setor. Ato contínuo, renovo meu protesto ao rito de escolha do novo presidente do banco, o qual simplesmente não considera o desejável crivo deste conselho, vez que baseado em legislação anacrônica e contrária às melhores práticas de governança em nível global”, escreveu Hélio Magalhães.

A interferência no BB ocorre no rastro da ingerência do governo na Petrobras. Bolsonaro demitiu Roberto Castello Branco porque o executivo não concordava em usar o caixa da companhia para conter a majoração dos preços dos combustíveis. A então presidente Dilma Rousseff adotou estratégia como forma de conter a inflação, mas o estrago foi monumental. A Petrobras ficou em situação difícil e a inflação voltou a subir.

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