Prefeito de Curitiba retira previsão de multa em projeto de lei sobre distribuição de comida a sem-teto

 
Prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM) é um elitista convicto e empertigado que provoca náuseas com seu comportamento vil e que vai muito além das balizas do bom senso. Depois da reação negativa da opinião pública diante de projeto que previa multa a que doasse alimentos aos cidadãos em situação de rua da capital paranaense sem autorização da prefeitura, Greca disse que a proposta enviada à Câmara Municipal de Curitiba foi mal interpretada.

Os brasileiros conscientes precisam repudiar termos como “mal interpretado”, “fora de contexto” e “não foi isso que quis dizer”, pois tentar disfarçar a intolerância com declarações estapafúrdias não convence, além de aumentar a tragedia social existente no País. Ademais, homens públicos, em especial, não podem governar apenas para sua casta, mas, sim, para todos os cidadãos, independentemente da posição social, do status financeiro, de crença e de ideologia.

A mencionada proposta estabelece critérios para a distribuição de alimentos, mas um artigo chamou a atenção do Parlamento curitibano. Pela redação original do projeto, quem distribuísse alimentos em desacordo com os horários, datas e locais autorizados pela prefeitura de Curitiba incorreria em multa de R$ 150 a R$ 550.

O projeto provocou a reação de diversas instituições que distribuem comida às pessoas em situação de rua. A Federação do Terceiro Setor do Estado do Paraná (Fetespar) enviou documento ao Ministério Público estadual pedindo a suspensão do projeto e que a discussão da matéria fosse aberta a todos os envolvidos na ação social. De acordo com a Fetespar, não fosse a ajuda das organizações sociais, os sem-teto seriam cada mais invisíveis ao poder público.

“Para resolver o problema de vez, mandei um substitutivo na lei de segurança alimentar e nutricional de Curitiba. Não existe mais nenhuma referência à multa”, afirmou Rafael Greca nas redes sociais.

“Vamos agora propor uma ampla aliança, de todos que querem socorrer os vulneráveis, todos que julgam que a população de rua, nesse momento de pandemia, com as carências inerentes de não ter onde morar temporariamente, precisam ser mais acolhidas do que ninguém”, completou o alcaide curitibano.

 
Greca afirmou não ser verdade que o objetivo da prefeitura era proibir a doação de alimentos aos necessitados. Na verdade, o projeto enviado à Câmara de Curitiba não proibia a doação de alimentos às pessoas em situação de rua, mas punia que fizesse as doações. Ou seja, uma forma transversa de proibir a doação.

“O último final de semana foi marcado por uma polêmica, que diziam que a nossa cidade queria proibir o servimento de alimentos e refeições para pessoas desvalidas. Isso não tem cabimento”, destacou o prefeito de Curitiba.

Rafael Greca pode alegar o que quiser, mas seu posicionamento em relação aos cidadãos ficou claro no referido projeto, que, como citado anteriormente, pretendia punir quem socorresse os famintos e desabrigados.

“Cheiro de pobre”

Não se pode esquecer que Greca, na eleição de 2016, quando concorreu à prefeitura de Curitiba, disse em sabatina eleitoral, no dia 22 de setembro daquele ano, que certa feita vomitou ao sentir cheiro de pobre.

“Eu coordenei o albergue Casa dos Pobres São João Batista, aqui do lado da Rua Piquiri, para a igreja católica durante 20 anos. E no convívio com as irmãs de caridade, eu nunca cuidei dos pobres. Eu não sou São Francisco de Assis. Até porque a primeira vez que eu tentei carregar um pobre no meu carro eu vomitei por causa do cheiro”, disse o então candidato.

“Peço perdão por não ter sabido me expressar em minha fala na sabatina da PUC ontem, quis dar ênfase ao grande mérito do trabalho de assistência social. Não usei a palavra ‘pobre’ no sentido de classe social. Aqui, meu pedido de perdão com sinceridade, respeito e amor”, escreveu em rede social.

Por questões óbvias e interesse eleitoral o então candidato pediu desculpas e apresentou alegações estapafúrdias e nada convincentes, posicionamento que serve apenas para fomentar ainda mais a discriminação social e a intolerância. A justificativa de que não soube se expressar foi embusteira. Alguém pode alegar que se tratou de ato falho – lapso freudiano ou parapráxis –, mas naquela declaração Greca revelou sua essência. Consumado o estrago, pouco adianta chorar sobre o leite derramado, mas o prefeito de Curitiba insiste em desculpas que causam engulho.

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