O encontro do presidente Jair Bolsonaro com empresários na noite de quarta-feira (8), na capital paulista, não passou de um “beija-mão” organizado de última hora pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, e contou com a presença de bolsonaristas de primeira hora que sempre adularam o chefe do Executivo federal com a clara intenção de obter vantagens.
Bolsonaro, que caiu em desgraça com o empresariado nacional pelo fiasco em que se transformou o combate à pandemia, pela pífia e lenta vacinação contra Covid-19 e por causa da pasmaceira oficial diante da necessidade de reformas na área econômica, precisava reunir-se com líderes do setor para passar à opinião pública a falsa impressão de que a lua de mel com o setor não terminou.
Participantes do regabofe organizado pelo empresário Washington Cinel afirmaram a jornalistas que acompanharam o evento à distância que em dado momento Bolsonaro foi ovacionado pelos presentes. O bolsonarismo é algo tão repugnante e fora da realidade, que bajulação de um anoréxico punhado de empresários transforma-se em ovação. Somente alguém com raciocínio desajustado é capaz de acreditar em declaração ridícula e marcada pela subserviência interesseira.
Diante dos empresários, o presidente da República prometeu acelerar o processo de vacinação contra Covid-19, sem ao menos explicar como se dará esse impulso na imunização, já que o País continua sem conseguir colocar à disposição da população vacinas em quantidade suficiente.
A cobrança dos empresários tem relação direta com a retomada da economia, tema que Bolsonaro mantém no seu bestiário semanal como forma de atacar adversários políticos e eleitorais. O Brasil foi transformado em um “covidário bolsonarista”, onde jazem mais de 341 mil vítimas, por causa da omissão do governo em relação ao combate à pandemia, mas o presidente insiste em posar como a derradeira salvação do universo.
Para ilustrar o fiasco que representa o processo de vacinação, até a noite de quarta-feira 21.445.683 pessoas haviam recebido a primeira dose da vacina contra Covid-19, o que representa 10,13% da população brasileira. A segunda dose foi aplicada em 6.065.854 pessoas, o que equivale a 2,86% da população. Considerando que as vacinas disponíveis no País exigem dose de reforço (segunda dose), o Brasil está muito longe da meta de vacinar 75% da população para conter a circulação do novo coronavírus, imprescindível para a retomada da atividade econômica.
Por outro lado, em clara demonstração de que seu desvario discursivo está focado no governador de São Paulo, João Dória Júnior (PSDB), o presidente recorreu a palavras de baixo calão, como sempre, para se referir ao adversário político.
De acordo com informações da jornalista Mônica Bergamo, do jornal “Folha de S.Paulo”, Bolsonaro teria dito no encontro com empresários: “ O governador de vocês é um vagabundo, caralho”. Em outro momento, o presidente voltou a atacar Dória ao dizer “o vizinho aqui de vocês é um vagabundo”.
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Em que pesem as denúncias comprovadas e críticas embasadas que fizemos ao governador paulista – faremos novamente se necessário –, Jair Bolsonaro é desprovido de condições para referir-se a qualquer pessoa como “vagabundo”.
Após ser expulso do Exército por ser um “mau militar” – a expressão foi usada pelo então presidente Ernesto Geisel –, Bolsonaro passou 28 anos na Câmara dos Deputados sem sequer produzir algo em prol do País. Ao perceber a mamata, o agora presidente colocou os três filhos mais velhos na política, os quais, ao longo do tempo, confirmaram o dito popular de que o fruto não cai longe da árvore.
Assim como o pai, os filhos políticos protagonizaram escândalos dos mais diversos, desde as malfadadas “rachadinhas” até a contratação de funcionários fantasmas, passando por evolução patrimonial suspeita e pagamento de contas pessoais em dinheiro vivo. Sem contar o fato de que Flávio Bolsonaro empregou em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) a mãe e a mulher do ex-policial militar e miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, morto em fevereiro de 2020 no interior da Bahia.
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