Em entrevista, Flávio Dino desenha cenário complexo e acirrado na disputa pelo governo do Maranhão

 
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), em entrevista concedida na última sexta-feira (9) ao site Poder 360, criou considerável nó político visando à sua sucessão. Dino, que administra o estado com uma coalizão de mais de uma dúzia de partidos, sinalizou que o atual vice-governador Carlos Brandão (PSDB) será seu candidato ao Palácio dos Leões, sede do Executivo maranhense. “Tem uma alta chance que eu apoie Brandão”, disse o governador. “É uma pessoa [Brandão] com a qual tenho relação política e pessoal muito antiga”, emendou.

A prevalecer esse cenário, até porque na política nem tudo o que é falado torna-se realidade, Dino inviabiliza o projeto do senador Weverton Rocha (PDT) de concorrer ao governo do Maranhão, nas eleições de 2022. Lembrando que Weverton por enquanto é um apoiador de Dino. Na mesma sinalização, o governador maranhense jogou água fria sobre o projeto da também senadora Eliziane Gama (Cidadania), que sonha em comandar o estado.

Nos bastidores, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, afirma que Dino assumiu o compromisso de fazer Carlos Brandão seu sucessor. Esse cenário compromete os planos do senador Roberto Rocha, bolsonarista convicto que continua filiado ao PSDB. Rocha, cujo mandato de senador termina em 31 de janeiro de 2023, não esconde seu desejo de governar o Maranhão, mas para entrar na disputa terá de mudar de legenda.

“Entre julho e agosto farei conversa com os 14, 15 partidos que acho que ficarão conosco. Sem dúvida o Brandão é um ótimo nome e o fato de ele estar no PSDB fortalece o pleito dele. Eles me apoiaram em 2014, tenho um reconhecimento”, declarou Dino.

 
Caso não concorra ao governo do Maranhão, o senador Roberto Rocha poderá tentar a reeleição, mas terá de enfrentar Flávio Dino, que prometeu se deixar o cargo de governador em abril de 2022 para disputar uma vaga no Senado pelo Maranhão. Com essa composição, a situação de Rocha torna-se mais difícil, pois seu alinhamento com Bolsonaro pesa negativamente. E nas entrelinhas Flávio Dino vem explorando esse detalhe, que não é tão pequeno.

Além disso, Dino tem pela frente algumas costuras políticas consideradas extremamente difíceis, necessárias para levar adiante o projeto de fazer de Carlos Brandão o próximo inquilino do Palácio dos Leões. O atual governador precisa combinar com a ex-senadora Roseana Sarney (MDB), que também deseja comandar o estado mais uma vez. Uma alternativa seria fazer uma chapa com Brandão concorrendo ao governo e Roseana como candidata ao Senado.

Roseana Sarney dificilmente trocará a possibilidade de governar o Maranhão por um mandato de senadora. A mais recente pesquisa de opinião realizada pelo Instituto Escutec aponta Roseana na liderança da disputa pelo governo maranhense, com 23% das intenções de voto. Como sempre afirma o UCHO.INFO, pesquisa de opinião é um retrato do momento, mas não se pode desconsiderar a influência que o clã Sarney ainda exerce no estado.

Dino, que não é novato na política, sabe que sua chance de chegar ao Senado cresce coma candidatura de Roseana Sarney, que tem força política no estado. O senador Weverton Rocha, por sua vez, não é dos mais diplomáticos quando seus interesses são contrariados. Em outra ponta do nó não se deve desconsiderar que Carlos Brandão ficará com a caneta de governador por seis meses (abril a outubro de 2022).

Até abril do próximo, quando Flávio Dino deverá deixar o cargo de governador, essa fábula eleitoral que ora desponta terá novos e conturbados capítulos. Resta saber se Flávio Dino cumprirá a promessa feita ao PSDB e a Carlos Brandão. Afinal, na política prevalece a máxima popular “farinha pouca, meu pirão primeiro”. A conferir!

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