Acuado politicamente, Bolsonaro retoma as ameaças à democracia para despertar a horda de milicianos

 
Todas as vezes em que percebe o crescimento de sua fragilidade política – muitas foram as ocasiões –, o presidente Jair Bolsonaro adota um discurso golpista e rasteiro como forma de, ameaçando a democracia, despertar a súcia de radicais que o apoiam e acionar a manivela da milícia digital que se encarrega das postagens com conteúdo que atenta contra o Estado de Direito e a Constituição.

A mais nova investida de Bolsonaro contra a democracia surgiu em cena na manhã desta quarta-feira (14), horas antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmar, por 10 votos a 1, a decisão do ministro Luís Roberto Barroso de determinar ao Senado a criação da CPI da Covid.

Ciente de que a CPI da Covid produzirá imenso desgaste político, algo que nem mesmos os senadores governistas terão como evitar, o presidente da República voltou a apelar para o obscurantismo. Em conversa com apoiadores que se aglomeravam na entrada do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que aguarda “uma sinalização do povo” para “tomar providências” a respeito das consequências econômicas causadas pela pandemia, como, por exemplo, o aumento da fome e da miséria.

“O Brasil está no limite. O pessoal fala que eu devo tomar providências. Eu estou aguardando o povo dar uma sinalização. Porque a fome, a miséria e o desemprego estão aí. Não vê quem não quer”, declarou.

“Amigos do Supremo Tribunal Federal, daqui a pouco vamos ter uma crise enorme aqui. Vi que um ministro despachou um processo pra me julgar por genocídio. Olha, quem fechou tudo e está com a política na mão não sou eu. Agora, não quero brigar com ninguém, mas estamos na iminência de ter um problema sério no Brasil”, disse Bolsonaro, sugerindo por vias transversas que a qualquer momento poderá adotar medidas extremas e que violam ao ambiente democrático.

 
Na terça-feira (13), a ministra Cármen Lúcia, do STF, solicitou ao presidente da Corte para que inclua na pauta de julgamento notícia-crime contra Bolsonaro por suspeita de genocídio contra indígenas durante a pandemia.

A sanha autoritária de Bolsonaro é tamanha, que chegou a sugerir sugeriu que representantes dos outros dois Poderes constituídos – Judiciário e Legislativo – deixem de contrariá-lo. “Há tempo de mudar: É só parar, usar menos a caneta e mais o coração”. Ou seja, Bolsonaro agora fala em usar o coração, esquecendo que é um ferrenho defensor de torturadores.

Esse palavrório irresponsável mostra-se mais uma vez desconexo, pois não é preciso, em meio à tragédia que tomou conta do País na esteira da pandemia, esperar que os famintos cobrem alguma ação do governo.

Na verdade, o que Bolsonaro pretende é impulsionar a horda de apoiadores para atos de desobediência civil, o que, no seu entender, abriria caminho para medidas mais radicais, as quais não contarão com o apoio do Congresso e muito menos do STF. O presidente aposta no retorno dos discursos bandoleiros que pregam o fechamento do Congresso e do Supremo, como se o País fosse órfão de legislação.

Ainda é tempo de parar esse déspota de república bananeira que, a reboque de vastíssima ignorância, acredita ser a derradeira solução para os problemas do universo. Ao Brasil é menos difícil enfrentar os efeitos colaterais de um impeachment do que correr o risco de um autogolpe, como vem sugerindo o néscio de plantão.

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