Covid-19: médicos intensivistas cobram lockdown rígido na Alemanha

 
Médicos intensivistas alemães fizeram dramático apelo pela necessidade de um lockdown severo na Alemanha, por causa do número crescente de infecções pelo novo coronavírus no país europeu.

“A situação nos hospitais é dramática”, afirmou o presidente da Associação Interdisciplinar para Terapia Intensiva e Medicina de Emergência (Divi, na sigla em alemão), Gernot Marx, nesta quinta-feira (15). “Nunca vi uma situação como essa”, disse Marx, que há mais de 20 anos trabalha em terapia intensiva.

“Freio de emergência”

O médico apelou para que os legisladores alemães aprovem em regime de urgência o planejado endurecimento da Lei de Proteção contra Infecções. Anunciada nesta segunda-feira pela chanceler Angela Merkel, a proposta prevê um “freio de emergência”, um endurecimento uniforme e automático das restrições contra disseminação da Covid-19 em regiões alemãs que superem um determinado patamar de novas infecções.

A mudança, a ser aprovada pelo Parlamento, ampliaria as competências do governo federal durante a pandemia, permitindo que restrições sejam impostas de forma uniforme em todo o país, diferentemente do que ocorre atualmente, quando a introdução das medidas fica a critério de cada estado.

Infecções em alta

Para uma aprovação da mudança em ritmo acelerado, os parlamentares teriam que abrir mão dos processos usuais de consulta e dar luz verde ao projeto de governo o mais rápido possível. O Bundestag (Parlamento alemão) deve debater o endurecimento da lei pela primeira vez nesta sexta-feira. A votação deve ocorrer na próxima semana. No caso de aprovação, não é esperado que a nova regra entre em vigor antes do fim deste mês.

“A situação é grave, e cada dia conta”, alertou o ministro alemão da Saúde, Jens Spahn. Ele apelou para que os governos dos estados alemães imponham imediatamente mais restrições e não esperem até a decisão do Bundestag na próxima semana.

Especialistas alertam que o número de novas infecções registradas na Alemanha pode superar nesta semana a máxima alcançada na segunda onda do novo coronavírus. As autoridades sanitárias alemãs relataram nesta quinta-feira 29.426 novos casos de Covid-19 nas últimas 24 horas. São mais de 9 mil infecções a mais que as contabilizadas na quinta-feira anterior, quando foram registrados 20.407 novos casos em 24 horas.

 
O número diário de novas mortes foi de 294. Há uma semana, foram registradas 306 em 24 horas. Em março, em alguns dias foram registradas menos de 50 novas mortes, enquanto, na segunda onda, em vários dias de dezembro e janeiro foram contabilizados mais de mil óbitos.

A taxa de incidência de casos a cada 100 mil habitantes em sete dias chegou a 160,1 nesta quinta-feira. Na véspera, era de 153,2, há quatro semanas, de 90,4.

Lotação em UTIs

“Precisamos agir agora para salvar vidas”, afirmou nesta quinta-feira em entrevista coletiva Lothar Wieler, presidente do Instituto Robert Koch (RKI), a agência governamental para o controle e prevenção de doenças contagiosas, acrescentando que o número de novos casos “é alto demais” e que há ameaça de sobrecarga do sistema alemão de saúde.

Wieler destacou a situação nas unidades de terapia intensiva, onde o número de pacientes está aumentando continuamente. Em algumas cidades, quase não há leitos de UTI disponíveis.

O chefe do RKI enfatizou que cada vez mais jovens têm que ser hospitalizados, já que a maioria dos novos casos envolve pessoas entre 15 e 49 anos. Isso também se deve à chamada variante britânica do novo coronavírus, a B.1.1.7, considerada mais contagiosa e responsável por cerca de 90% dos casos atuais na Alemanha.

O médico intensivista Steffen Weber-Carstens, do hospital universitário Charité, de Berlim, enfatizou a situação explosiva, que também prejudica os pacientes com outras doenças, lembrando que em algumas regiões, há apenas 10% da capacidade livre nas UTIs.

“O que significa 10%? O tamanho médio das unidades de terapia intensiva é de 10 a 12 leitos. Isso significa: exatamente um leito [livre] por unidade de terapia intensiva”, afirmou, acrescentando que essa situação é uma ameaça para quem sofre, por exemplo, um derrame ou acidentes graves. (Com agências internacionais)

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