Ministério da Saúde consegue comprar apenas 17% dos medicamentos do “kit intubação” previstos

 
O Ministério da Saúde enfrenta dificuldades para recompor a reserva técnica de medicamentos do chamado “kit intubação”, que está perto do fim. Esses medicamentos são usados no tratamento de pacientes de Covid-19 em estado grave e que necessitam de intubação para normalizar a oxigenação e conter o avanço da doença.

Em nota técnica divulgada pelo Ministério da Saúde, obtida com exclusividade pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, mostra que a pasta tentou comprar doses para seis meses, mas só conseguiu 17% do planejado. Em reunião com a Casa Civil no fim de março, ficou acertado que o Ministério da Saúde compraria 186 milhões de doses dos medicamentos, quantidade suficiente para 180 dias. Porém, apenas 32,48 milhões de doses (17%) foram obtidas.

Na quarta-feira (14), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse mais lotes dos mencionados medicamentos devem chegar ao País em até dez dias. Os fármacos garantem que o paciente não sinta dor durante o processo de intubação e não tente arrancar o tubo após o procedimento.

O estoque do governo federal de um dos dez medicamentos do “kit intubação” acabou, enquanto os de outros nove estão quase no fim. A responsabilidade pela compra desses medicamentos costuma ser dos governos estaduais e municipais e também dos hospitais. Contudo, a nota técnica destaca que, com o risco de desabastecimento nacional, o a pasta tem o papel de facilitadora das compras.

 
Analgésicos, sedativos e medicamentos que controlam o coração e a circulação pulmonar estão entre os itens que acabaram. O maior estoque é do sedativo Cetamina, com previsão de durar 19 dias. O estoque do ansiolítico “Diazepam” deve durar no máximo mais quatro dias, ao passo que o de “hemitartarato de norepinefrina”, para mais 24 horas.

As compras do governo brasileiros seriam feitas através da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para o continente, mas o órgão só conseguirá entregar 14% das 100 milhões de doses requisitadas.

Queiroga citou a OPAS como uma das alternativas para normalizar o estoque de medicamentos do ‘kit intubação”. Em 29 de março, o ministro da Saúde afirmou que a entrega, através da OPAS, levaria 15 dias e normalizaria o abastecimento.

Informações obtidas com exclusividade pelo UCHO.INFO revelam em um hospital da Zona Norte da cidade de São Paulo pacientes com Covid-19 já estão sendo intubados “a seco”, sem o uso dos medicamentos do “kit intubação”.

Segundo relato da nossa fonte, com larga experiência no setor e atuando nos bastidores da pandemia, os profissionais de saúde enfrentam situação de estresse elevadíssimo diante da necessidade de realizar o procedimento sem o uso de anestésicos. Esses pacientes estão sendo amarrados para evitar a retirada do tubo.

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