Ação intimidatória do governo contra integrantes da CPI da Covid pode se transformar em “tiro pela culatra”

 
A preocupação do presidente Jair Bolsonaro com a CPI da Covid tem levado integrantes da cúpula do governo a agirem nos subterrâneos do poder para intimidar senadores não governistas e evitar o início das investigações e seus imprevisíveis capítulos.

Eleito à presidência do Senado com o apoio declarado de Bolsonaro, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que sonha em concorrer ao governo mineiro, vem sendo pressionado por palacianos para atrasar a instalação da CPI, que deve acontecer na próxima quinta-feira (22).

Cotado para ser o relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) disse em entrevista à GloboNews, no domingo (18), que não se deixará intimidar pelo governo, nem mesmo diante da possibilidade de a Polícia Federal deflagrar operações contra governadores e prefeitos à medida que as investigações no Senado avancem.

A estratégia do governo Bolsonaro pode ser considerada “suicida”, pois os membros da CPI da Covid são políticos com larga experiência e sabem como fazer o Palácio do Planalto recuar. Além disso, se confirmada a informação de que a PF entrará no circuito para retaliar os membros da CPI, a situação de Jair Bolsonaro deve piorar sobremaneira. Nesse cenário turbulento não se deve descartar o desembarque de alguns partidos da base de apoio ao governo, o que abriria caminho para um pedido de impeachment.

 
É importante ressaltar que dois membros da CPI, Renan Calheiros e Jader Barbalho (suplente), têm filhos governadores em seus respectivos estados – Alagoas (Renan Filho) e Pará (Helder Barbalho). Nesse cenário de turbulência política, qualquer investida retaliatória por parte do Palácio do Planalto poderá provocar o desembarque de alguns partidos da base de apoio ao governo, o que abriria caminho para um pedido de impeachment.

Há um ano, em 22 de abril de 2020, o presidente Jair Bolsonaro, durante a fatídica reunião ministerial que culminou com a demissão de Sérgio Moro, não escondeu seu desejo de não apenas interferir na Polícia Federal, mas de ter a corporação em suas mãos. Agora, com a PF sob a direção de Paulo Maiurino, o desejo do presidente começa a se materializar. Isso ficou evidente na repentina demissão do superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, dias após ele apresentar queixa-crime contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

Os brasileiros de bem precisam reagir a essa investida criminosa do governo contra a CPI da Covid, pois com mais de 373 mil mortes pelo novo coronavírus não se pode aceitar calado a inoperância do governo no combate à doença. Como a população está impedida de sair às ruas por causa da pandemia, exercer pressão sobre os integrantes da CPI é mais do que necessário. Afinal, responsabilidades precisam ser apuradas e os culpados devem ser condenados de acordo com o que reza a lei.

Além disso, não se pode concordar com a transformação da Polícia Federal em versão tropical da guarda pretoriana, como se Bolsonaro fosse uma reedição mambembe do golpista Otaviano. A PF é uma polícia de Estado, não de governo como imagina o desvairado e totalitarista Jair Messias Bolsonaro. É tempo de reagir!

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