Zambelli ignora ilícitos da família Bolsonaro ao tentar barrar Renan Calheiros como relator da CPI da Covid

 
Integrante da tropa de choque bolsonarista, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) protocolou ação na Justiça Federal de Brasília para impedir o senador Renan Calheiro (MDB-AL) de assumir o posto de relator da CPI da Covid, que será instalada na próxima terça-feira (27).

De acordo com a assessoria de Zambelli, a ação judicial tem como foco os membros da CPI que se enquadram nos casos legais de suspeição ou impedimento. Renan Calheiros é pai do governador de Alagoas, que poderá ser investigado pela comissão em relação aos recursos repassados pelo governo federal para o combate à Covid-19.

Em mensagem publicada no Twitter, a deputada justificou a ação com a alegação de que Calheiros é alvo de processos e inquérito que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF). “A presença de alguém com 43 processos e 6 inquéritos no STF evidentemente fere o princípio da moralidade administrativa”, escreveu a parlamentar.

Ilustre desconhecida que se elegeu pegando carona no falso discurso moralista de Jair Bolsonaro, em 2018, Carla Zambelli deveria ler com mais atenção a Constituição Federal, que em seu artigo 5º, inciso LVII, estabelece que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Ou seja, enquanto houver a possibilidade de recurso às instâncias judiciais, Renan Calheiros deve ser considerado inocente.

Se a parlamentar bolsonarista tem dificuldade para interpretar texto, mesmo que simples e direto, é bom voltar ao banco escolar. Aliás, esse falso moralismo de Carla Zambelli não alcança as peripécias nada republicanas da família Bolsonaro.

 
O presidente da República disse ter emprestado R$ 40 mil a Fabrício Queiroz, o faz-tudo do clã, mas até agora não comprovou a origem do dinheiro usado na aludida transação. A primeira-dama Michelle Bolsonaro recebeu em sua conta bancária 27 depósitos, no total de R$ 89 mil, feitos por Queiroz e Márcia Aguiar, esposa do operador das “rachadinhas”, mas até agora ninguém se pronunciou sobre o assunto, nem mesmo a deputada Carla Zambelli.

Flávio Bolsonaro, senador da República que descobriu a receita do milagre da multiplicação, comprou uma mansão em Brasília cujas parcelas do financiamento superam sua capacidade oficial de pagamento, multiplicou seu patrimônio de maneira escandalosa, teve contas pessoais pagas em dinheiro vivo por Fabrício Queiroz, mas a deputada bolsonarista por certo deve classificar como normais esses absurdos.

Jair Renan conseguiu que um empresário do setor de eventos doasse um carro elétrico no valor de R$ 90 mil para um projeto operado pela empresa do filho “04” do presidente da República, mas Zambelli também entende tal situação como normal. Wellington Leite, o empresário em questão, foi recebido no Palácio do Planalto pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 21 de março, com direito a postagem das fotos do encontro nas redes sociais.

A “Bolsonaro Jr”, empresa de Jair Renan, é investigada pela Polícia Federal, a pedido do Ministério Público, por suspeita de tráfico de influência junto ao governo do pai. E Carla Zambelli, conhecida por sua face lenhosa, também deve classificar esse escandaloso episódio como normal.

Em vez de dedicar nauseante sabujice ao presidente da República, Carla Zambelli deveria se preocupar com o genocídio patrocinado por Jair Bolsonaro e que já ceifou a vida de mais de 373 mil brasileiros, vítimas do negacionismo torpe de um governante despreparado e totalitarista.

Para quem não se recorda, Zambelli é a parlamentar que, em nome do desgoverno Bolsonaro, tentou “comprar” o silêncio de Sérgio Moro com uma indicação ao STF.

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