Bolsonaro mente de forma acintosa na Cúpula do Clima e aumenta descrédito do Brasil no cenário global

 
Horas antes do início da Cúpula do Clima, líderes globais estavam céticos em relação ao Brasil, em especial ao presidente Jair Bolsonaro, cujo governo vem adotando práticas condenáveis no âmbito da preservação do meio ambiente, todas lideradas pelo ministro Ricardo Salles, que levou o País à condição de pária ambiental.

Que Bolsonaro nada tinha a apresentar no encontro de líderes globais qualquer pessoa de bom senso já sabia, mas o descrédito do Brasil no cenário internacional é enorme quando é preservação ambiental, combate ao desmatamento e emissão de gases do efeito estufa.

Após abrir a Cúpula do Clima, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu licença para deixar o encontro virtual e, portanto, não acompanhou os discursos do argentino Alberto Fernández e de Jair Bolsonaro. Isso porque, informado por assessores, Biden sabia que a fala de Bolsonaro seria ufanista e mentirosa. Em outras palavras, o Brasil saiu do encontro da mesma maneira como entrou: desacreditado.

Aconselhado pela ala moderada do Itamaraty a adotar discurso afinado com a realidade, Bolsonaro vangloriou-se de avanços ambientais no País para pedir recursos capazes de intensificar o desmatamento na Amazônia. O que o presidente brasileiro não fez foi dizer aos participantes do encontro que esses aludidos avanços foram conquistados nos governos do PT, precisamente até 2012.

Na verdade, a participação de Bolsonaro na Cúpula do Clima limitou-se a repetir promessas feitas anteriormente e que não foram cumpridas pelo governo brasileiro. Como vem afirmando o UCHO.INFO ao longo dos últimos anos, a campanha de Bolsonaro à Presidência da República em 2018 contou com o apoio da “banda suja” do agronegócio, que conta com o desmatamento para expandir sua atuação. Esse segmento não apoiou o então candidato apenas com declarações e “tapinhas” nas costas, mas com recursos financeiros em profusão. E como sempre acontece na política, em algum momento a contrapartida precisar ocupar a cena.

 
Gostem ou não os autoritários que hoje ocupam o Palácio do Planalto, o comércio internacional está condicionado à preservação do meio ambiente, o que exige do País a adoção de políticas ambientais efetivas. Prova maior desse desinteresse do governo com as questões ambientais foi a decisão de Bolsonaro de excluir o vice Hamilton Mourão do evento.

É importante lembrar que Jair Bolsonaro, populista apasquinado movido por um misto de ignorância e covardia, disse que mostraria aos Estados Unidos o poderio bélico brasileiro, mesmo que por vias transversas, quando o então candidato Joe Biden sugeriu “organizar o hemisfério e o mundo para prover US$ 20 bilhões para a Amazônia”. Na ocasião, Biden afirmou também que o Brasil poderia enfrentar “consequências econômicas significativas” se não barrar a destruição da maior floresta tropical do planeta.

À época, sem mencionar o nome do democrata, Bolsonaro reagiu à declaração. “Assistimos há pouco aí um grande candidato a chefia de Estado dizer que, se eu não apagar o fogo da Amazônia, ele levanta barreiras comerciais contra o Brasil. E como é que podemos fazer frente a tudo isso? Apenas a diplomacia não dá, não é, Ernesto? Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora, se não, não funciona. Não precisa nem usar pólvora, mas tem que saber que tem. Esse é o mundo. Ninguém tem o que nós temos.”

Meses após a debochada insinuação, Bolsonaro cobrou dos participantes da Cúpula do Clima pagamento pelos serviços ambientais a serem prestados pelo Brasil. Onde foi parar o corajoso que aventou a possibilidade de declarar guerra aos EUA? Nunca antes na história deste país os brasileiros foram alvo de tanto descrédito no cenário global. Isso porque na opinião de muitos Bolsonaro é o melhor presidente de todos os tempos.

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