Cúpula do Clima: Biden diz que “esta é a década para agir contra a crise climática”

 
O presidente norte-americano, Joe Biden, abriu a Cúpula de Líderes sobre o Clima, nesta quinta-feira (22), afirmando que os Estados Unidos “não estão esperando” para liderar uma questão de “imperativo moral e econômico”, ao se referir às mudanças climáticas que estão acelerando o aquecimento global.

“Os sinais são inconfundíveis. A ciência é inegável. O custo da inação continua aumentando. Os Estados Unidos não estão esperando para agir”, disse Biden no discurso de abertura do evento virtual convocado pela Casa Branca e que termina na sexta-feira.

Biden também anunciou oficialmente que a nova meta dos Estados Unidos é reduzir em 50% a 52% as emissões de gases de efeito estufa até 2030, em comparação com os níveis de 2005, e zerar as emissões até 2050. Atualmente, os EUA são responsáveis por cerca de 15% das emissões em todo o mundo. “Esta é a década em que precisamos tomar decisões que evitarão as piores consequências da crise climática”, disse o presidente americano.

O democrata afirmou esperar que o novo objetivo americano incentive outros líderes a estabelecer metas mais ambiciosas de corte de emissões. Segundo cientistas, a humanidade precisa reduzi-las para manter o aquecimento global abaixo de 1,5 ºC e, assim, evitar catástrofes.

Biden aumentou que um aumento da temperatura média da Terra acima de 1,5 ºC significaria “incêndios mais frequentes e intensos, inundações, secas, ondas de calor e furacões – devastando comunidades, vidas e meios de subsistência”.

“Nenhuma nação pode resolver esta crise por conta própria, e esta cúpula é um passo no caminho para um futuro seguro, próspero e sustentável”, escreveu Biden no Twitter minutos antes do início do evento.

Na abertura da cúpula, a vice-presidente Kamala Harris acrescentou: “Como comunidade global, é necessário que atuemos rapidamente e juntos para enfrentar esta crise. Isto exigirá inovação e colaboração em todo o mundo.”

Guinada sob Biden

A nova meta dos Estados Unidos é quase o dobro da anterior, que havia sido fixada pelo ex-presidente Barack Obama. Em 2015, o país tinha se comprometido a cortar as emissões entre 26% e 28%.

No entanto, durante o governo do republicano Donald Trump, os Estados Unidos se distanciaram de qualquer medida que ajudasse a frear o aquecimento global e o país chegou a sair do Acordo de Paris.

A guinada veio com a posse de Biden, em 20 de janeiro deste ano. Como um de seus primeiros atos como presidente, Biden colocou os EUA de volta no Acordo de Paris e, apenas três meses após sua posse, convocou 40 líderes mundiais para debater o clima, em um esforço para que os EUA voltem a liderar a luta contra a crise climática.

Além da União Europeia foram convidados representantes de Brasil, China, Índia, Canadá, Rússia, Reino Unido e África do Sul, entre outros.

 
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Metas mais ousadas

Ao se pronunciar na cúpula virtual, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a próxima década deve ser uma década de transformação, e outros líderes mundiais fizeram eco à mensagem. Vários líderes enfatizaram a necessidade de os países ricos cumprirem suas promessas de ajudar os países mais pobres a se adaptarem às mudanças climáticas.

Além dos Estados Unidos, outros países também aumentaram suas promessas. O Japão anunciou planos de cortar as emissões em 46% até 2030, em comparação aos níveis de 2013. Para o Canadá, a meta é reduzir as emissões de 40% a 45% até 2030, em comparação com os níveis de 2005.

Na terça-feira, o Reino Unido estabeleceu a meta mais ambiciosa do mundo com uma lei que obriga o país a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 78% até 2035, em relação aos níveis de 1990.

“Se realmente queremos conter a mudança climática, então este deve ser o ano em que levamos isso a sério. Porque os anos 2020 serão lembrados ou como a década em que os líderes mundiais se uniram para virar o jogo, ou como um fracasso”, afirmou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

Na quarta-feira, às vésperas da cúpula, a União Europeia (UE) chegou a um acordo para reduzir em pelo menos 55% as emissões até 2030, em comparação com valores de 1990.

China promete neutralidade de carbono até 2060

O presidente da China, Xi Jinping, reiterou a meta de atingir a neutralidade de carbono até 2060. Em seu discurso, ele defendeu que o combate às mudanças climáticas siga princípios do “multilateralismo e do direito internacional” e que os países assumam “responsabilidades diferenciadas”, conforme suas situações econômicas.

Para ele, os países desenvolvidos devem “aumentar as suas ambições climáticas e ajudar os países em desenvolvimento a acelerar as suas transições para o desenvolvimento verde e de baixo carbono”. Xi também afirmou que a China quer “trabalhar em conjunto com a comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos”. “Estou confiante de que, enquanto nos unirmos em nossos propósitos e iniciativas, triunfaremos diante dos desafios globais do clima e do meio ambiente”, disse.

O presidente chinês também prometeu que seu governo “limitará estritamente” o aumento do consumo de carvão até 2025 e o “reduzirá” nos cinco anos seguintes.

A China é de longe o maior gerador de gás carbônico do planeta e, ao lado dos EUA, emite cerca de metade da poluição responsável pelas mudanças climáticas.

Merkel: “Não há dúvidas” de que o planeta precisa dos EUA

A chanceler alemã Angela Merkel saudou o anúncio feito pelos Estados Unidos. Para ela, a nova meta americana é um compromisso claro na luta contra o aquecimento global e um sinal importante de que os EUA estão de volta à mesa de negociações para enfrentar a questão climática.

Merkel também destacou que “não há dúvidas” de que o planeta precisa da contribuição dos EUA para poder frear o aquecimento global.

A Alemanha já reduziu as emissões de gases de efeito estufa em 40%, em comparação com os níveis de 1990, afirmou a chanceler federal, apontando que o país continuará nesse caminho para alcançar a meta estabelecida pela União Europeia, de 55% até 2030.

Para chegar a esse objetivo, medidas importantes já foram tomadas, destacou a líder alemã. Como exemplo, ela citou a taxação do CO2 introduzida em 1º de janeiro de 2021 no setor de transportes e aquecimento. Além disso, a eliminação do uso de carvão está prevista para ser alcançada até 2038. A Alemanha também continua investindo em energias renováveis. No ano passado, 46% da eletricidade foi obtida de fontes de energia limpa, apontou Merkel. (Com Deutsche Welle e agências internacionais)

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