Bolsonaro retoma ameaças à democracia e sugere o uso do Exército contra governadores e prefeitos

 
Adepto confesso do totalitarismo, o presidente Jair Bolsonaro volta a ameaçar a democracia com a adoção de medidas extremas que não encontram respaldo na Constituição e atentam contra o Estado de Direito.

No último final de semana, Bolsonaro mais uma vez disse que, se necessário, usará o Exército para garantir o direito de ir e vir do cidadão. Trata-se de uma provocação aos governadores e prefeitos que adotaram medidas restritivas para conter o avanço da pandemia de Covid-19, que já ceifou a vida de 390 mil brasileiros.

Sem ter o apoio das Forças Armadas para essa possível arbitrariedade, Jair Bolsonaro ameaçou novamente, nesta segunda-feira (26), usar as forças militares para garantir o direito do cidadão à livre locomoção, ao trabalho e ao exercício da fé.

Em entrevista à imprensa, após inaugurar obras de duplicação de rodovia em Conceição do Jacuípe, no interior da Bahia, o presidente declarou: “[Os governadores] estão seguindo o artigo quinto da Constituição? Está sendo respeitado o direito de ir e vir, o direito de a pessoa ter um emprego, ocupar o tempo para exercitar a sua fé? É só ver se isso está sendo respeitado ou não”.

Bolsonaro aproveitou a oportunidade para dizer que não tem preocupação com a CPI da Covid, que começará a funcionar no Senado Federal na terça-feira (27), muito menos com eventual candidatura de Lula em 2022.

 
Perguntado se eventualmente acionaria as Forças Armadas para impedir que governadores adotem novas medidas restritivas, Bolsonaro afirmou em tom de ameaça: “Não estiquem a corda mais do que está esticada”.

Em discurso durante o evento no interior baiano, Bolsonaro de novo criticou os governadores, afirmando que está chegando a hora de o povo dar o seu grito de independência. “Não podemos admitir alguns pseudogovernadores quererem impor uma ditadura no meio de vocês, usando do vírus para subjugá-los”, disse.

O chefe do Executivo também retomou as críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) por ter autorizado estados e municípios a adotarem medidas restritivas durante a pandemia, sem necessidade de acatar orientação do governo federal. “É inconcebível os direitos que alguns prefeitos e governadores tiveram por parte do STF. É inconcebível. Nem estado de sítio tem isso”, disse o presidente.

Na verdade, Jair Bolsonaro está extremamente preocupado com o cenário político atual, que vem corroendo os índices de aprovação do governo e desidratando de forma contínua seu projeto de reeleição.

Se a CPI da Covid não estivesse incomodando o presidente da República, a cúpula do Palácio do Planalto não teria enviado aos ministérios um questionário com perguntas sobre a atuação do governo no combate à pandemia do novo coronavírus. Nesse ponto, a iniciativa transformou-se em doloroso “tiro no pé”, pois a CPI deverá usar esse questionário como base para as inquirições e investigações.

O presidente da República ameaça usar o Exército, sem o consentimento da força militar, não para garantir o direito de ir e vir dos brasileiros, mas para tentar intimidar qualquer pessoa que ouse desafiá-lo, como se o Brasil não tivesse virado a página do período ditatorial. Qualquer manobra radical levará Jair Bolsonaro a um impasse político sem precedentes após a redemocratização. Afinal, o presidente precisa do aval do Congresso para essas aludidas medidas.

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