Com o avanço da CPI da Covid, Bolsonaro pode ser surpreendido com o “desembarque” do Centrão

 
No mandado de segurança impetrado junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelos governistas da CPI da Covid para que Renan Calheiros seja removido da relatoria da comissão, o único que não assinou a ação foi o senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, que votou em Omar Aziz (PSD-AM) para presidente do colegiado e tornou público seu voto.

Com o intuito de minimizar o tamanho da derrota do governo, pessoas próximas ao Palácio do Planalto alegaram que o voto de Ciro Nogueira em Aziz foi previamente combinado com o staff palaciano, como forma de distensionar a relação entre as partes. Além disso, os interlocutores dizem que o apoio de Ciro a Renan Calheiros, explicitado em declaração na CPI, é fruto da mesma articulação entre o presidente do PP e a cúpula do governo.

Quem conhece os meandros da política brasileira sabe que tais declarações não passam de balão de ensaio para eventualmente “baixar a fervura” no âmbito da CPI da Covid. Afinal, Bolsonaro enfrentará considerável tempestade política com o avanço das investigações e dos depoimentos.

Na verdade, ambas as atitudes de Ciro Nogueira (votar em Aziz e não assinar a ação protocolada no STF) por enquanto não podem ser consideradas um ato de traição a Bolsonaro, até porque o presidente nacional do PP é extremamente hábil e experiente, mas são os alicerces de uma rampa que será utilizada pela legenda para desembarcar da frente de apoio ao governo.

 
O PP, que se lambuzou como quis no lamaçal do Petrolão, não teve problema de consciência para abandonar a então presidente Dilma Rousseff, que acabou despejada do Palácio do Planalto por conta de uma “pedalada fiscal”.

Por mais que o PP exista à sombra do “toma lá, dá cá”, a exemplo do que acontece com os partidos do chamado Centrão, cobre faturas elevadas por um apoio questionável, há um limite para riscos que nem sempre valem a pena.

Com quase 400 mil mortos por Covid-19 no País, apoiar politicamente um governo negacionista e genocida é um ato de enorme irresponsabilidade, mesmo que a contrapartida seja proporcional ao desafio. Dependente do eleitor para continuar na vida pública, a classe política sabe até onde pode chegar em termos de apoios e alianças. Em que pese o fato de o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), ainda fazer as vontades de Bolsonaro, mudar de lado é questão de tempo e de uma conversa reservada e no momento adequado com Ciro Nogueira.

O Palácio do Planalto que se prepare, pois o Centrão nunca foi fã da chamada “fidelidade canina”. Ao contrário, devora a caça abatida, abandonando-a quando é chegado o osso. Bolsonaro, que não tem inteligência política nem maturidade emocional, é presa fácil para o Centrão.

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