Almoço de mulheres executivas com Bolsonaro é um escárnio em meio às 400 mil mortes por Covid-19

 
A pandemia do novo coronavírus vem provendo um morticínio no Brasil, onde mais de 400 mil pessoas perderam a batalha contra um inimigo desconhecido, voraz e invisível. Mesmo assim, alguns setores da sociedade não se comovem diante de um cenário de tragédia.

Nesta quinta-feira (29), dia em que o Brasil alcançou a impressionante marca de 400 mil mortes, ganhou espaçou na imprensa nacional um almoço que reunirá, na sexta-feira, mulheres executivas e o negacionista Jair Bolsonaro, que continua tentando se esquivar da responsabilidade pelo caos que se instalou no País.

A empresária Karim Miskulin, que convidou o presidente da República para o almoço, afirma que o encontro não terá cobranças a Bolsonaro nem manifestação de apoio. Ou seja, o regabofe em meio à tragédia nacional será um ato de bajulação explícita.

Segundo Miskulin, o objetivo do encontro é ouvir as propostas do governo para incentivar a participação feminina na economia e na política. “A gente quer criar, com esse evento, um núcleo que possa ajudar a presidência a discutir políticas públicas que nos beneficiem”, diz a empresária.

Reunir-se com um governante despreparado, autoritário e que já fez declarações misóginas esperando ouvir propostas é no mínimo falta de bom senso. Além disso, o tal almoço é uma dupla falta de sensibilidade com milhões de brasileiras, que bambeiam entre o choro pelos familiares que tombaram diante da Covid-19 e a desesperada luta contra a fome e a miséria, que cresceram de forma assustadora durante a pandemia.

 
Perguntada sobre a atuação do governo Bolsonaro nas crises sanitária e econômica, Karim Miskulin classificou como positivo o desempenho do presidente. “Eu acho que o governo Bolsonaro, assim como todos os outros líderes políticos, neste momento estão fazendo tudo o que podem para tentar contornar essa crise que se estabeleceu não só no Brasil, mas no mundo todo”.

Em outras palavras, é impossível dar a mais rasa dose de crédito a uma pessoa histriônica que ao mesmo tempo em que desrespeita a memória das 400 mil vítimas da Covid-19 consegue avaliar como positiva a atuação do governo.

Contudo, chega a ser quase compreensível essa bajulação que provoca engulhos. Karim Miskulin é presidente da agência in.Pacto, contratada recentemente para cuidar da comunicação corporativa da Apex, ligada ao Itamaraty. Resumindo, é forte o olor de “missa encomendada”.

O tal almoço pretende ser um contraponto de gênero ao jantar organizado pelo ministro Fábio Faria (Comunicações), na casa de Washington Cinel, em São Paulo, que reuniu alguns ministros e empresários que dedicam nauseante sabujice a Bolsonaro.

Participarão do almoço com o presidente da República, em um dos mais caros e elegantes hotéis da capital paulista, a primeira-dama Michelle Bolsonaro – que ainda não explicou os depósitos bancários feitos por Fabrício Queiroz –, as ministras Tereza Cristina (Agricultura), Damares Alves (Direitos Humanos) e Flávia Arruda (Secretaria de Governo).

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