A pandemia do novo coronavírus tomou proporções absurdas no Brasil por causa do negacionismo torpe e da irresponsabilidade genocida do presidente Jair Bolsonaro, que insiste em desafiar a ciência provocando aglomerações, criticando o isolamento social e se recusando a usar máscara de proteção.
Esse cenário descabido, típico de “republiqueta bananeira”, levou o Senado Federal a criar uma CPI para investigar a desastrada atuação do governo no combate à pandemia, começando pela atrasadíssima operação para aquisição de vacinas contra Covid-19.
Após Bolsonaro “demonizar” a Coronavac, vacina produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, Bolsonaro foi obrigado a se render ao imunizante, que vem dominando o programa de vacinação do Ministério da Saúde.
O mesmo aconteceu em relação à vacina da Pfizer, que em agosto de 2020 ofereceu ao governo brasileiro 70 milhões de doses do imunizante, oferta recusada por Bolsonaro, que justificou sua decisão com alegações absurdas e galhofeiras, típicas de um contador de anedotas de recepção de casa de alterne.
Com meses de atraso e pressionado pela opinião pública, o governo acertou a compra de 100 milhões de doses de vacinas da Pfizer (ComiRNAty), com previsão de entrega até o fim do terceiro trimestre de 2021 e cronograma de doses crescente ao longo dos próximos meses.
O primeiro lote de vacinas da Pfizer, com 1 milhão de doses, chegou ao País na noite desta quinta-feira (30) no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, com direito a recepção oficial – participaram os ministros Marcelo Queiroga (Saúde) e Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) – e jatos de água sobre a aeronave que transportou os imunizantes.
No dia em que o Brasil alcançou a trágica e triste marca de 400 mil mortos por Covid-19, o governo Bolsonaro, que por certo desconhece o significado das palavras “bom senso” e “sensibilidade”, promove uma recepção no aeroporto de Viracopos como se ao País estivesse retornando a seleção brasileira de futebol após conquistar a Copa do Mundo.
Que Jair Bolsonaro é um néscio confesso no melhor estilo “brucutu” todos sabem, mas festejar a chegada das vacinas foi um flagrante desrespeito às famílias das mais de 400 mil vítimas que tombaram diante do novo coronavírus, mortes que poderiam ter sido evitadas se o governo não fosse movido por irresponsabilidade e populismo chicaneiro. Para quem classificou a CPI da Covid como “carnaval fora de época”, o degradante espetáculo oficial em Viracopos foi um escárnio.
Em qualquer país minimamente sério e com autoridades responsáveis e imbuídas de dose rasa de coragem, Bolsonaro já teria sido apeado da Presidência por no mínimo crime de responsabilidade – talvez por crime contra a humanidade, tamanho é o genocídio. Como o Brasil é o paraíso do “faz de conta” e a opinião pública assiste ao escárnio em berço esplêndido, Bolsonaro continua agindo como porteiro de hospício.
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