Temendo depoimento de Pazuello à CPI da Covid, governo aciona a AGU, que prepara habeas corpus ao STF

 
O depoimento do ex-ministro Eduardo Pazuello (Saúde) à CPI da Covid, remarcado para 19 de maio, é considerado um dos mais importantes, mas o Palácio do Planalto, preocupado com a pouca intimidade do general de Exército com a oratória, decidiu colocar a Advocacia-Geral da União (AGU) em cena.

Quando deixou a pasta da Saúde, debaixo de polêmico cenário de idas e vindas, Pazuello disse que sua demissão era decorrente de um complô de políticos interessados em recursos públicos e “pixulé”. Tal declaração sinaliza que o ex-ministro sabe de escândalos que, se revelados, são capazes de colocar o governo Bolsonaro abaixo.

A AGU prepara um habeas corpus a ser apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que Pazuello tenha o direito de permanecer calado e não responder às perguntas dos senadores que integram a CPI. Isso mostra o grau do desespero que circula pelos principais gabinetes do Palácio do Planalto.

O STF já concedeu habeas corpus em casos semelhantes, mas é importante lembrar que Eduardo Pazuello prestará depoimento na condição de testemunha, não de investigado. Como testemunha é necessário assumir o compromisso de dizer a verdade, sendo que a recusa em responder determinada pergunta pode resultar em prisão.

 
Pazuello alegou ter mantido contato com duas pessoas infectadas pelo novo coronavírus para não comparecer à CPI da Covid, desculpa que não convenceu os senadores. Isso porque o general assumiu publicamente, em vídeo divulgado na internet, que na condição de ministro era apenas um cumpridor das ordens do presidente Jair Bolsonaro. Essa subserviência ficou patente quando Pazuello disse na gravação “um manda, outro obedece”.

Há dois pontos importantes nesse imbróglio a serem considerados. O primeiro deles é que se Pazuello de fato manteve contato com duas pessoas que contraíram Covid-19 e por isso permaneceu em quarentena, foi imprudência seu encontro com advogados da AGU que passaram a assessorá-lo. Até o momento foram dois encontros entre o ex-ministro e os advogados da AGU.

Outro ponto a ser considerado é a preocupação de Jair Bolsonaro com o depoimento de Pazuello. Se a estratégia do governo central para combater a pandemia do novo coronavírus é altamente eficaz, como afirmam os palacianos e o próprio presidente da República, não há razão para se preocupar com as declarações do ex-ministro.

A situação de Pazuello é de extrema gravidade, principalmente por causa do atraso na compra de vacinas e do colapso no sistema de saúde de Manaus, e pode não apenas responsabilizar o presidente da República pela tragédia humana que tomou conta do País, mas resvalar na imagem do Exército.

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