Acuado em termos políticos e preocupado com o avanço da CPI da Covid, Bolsonaro radicaliza o discurso

 
A CPI da Covid, em funcionamento no Senado Federal, volta a tirar o sono do presidente Jair Bolsonaro, que teme alguns depoimentos agendados para a corrente semana, sem contar o estragos produzido pelos anteriores.

O primeiro deles é o de Eduardo Pazuello, general da ativa e ex-ministro da Saúde, que terá de responder perguntas sobre a atuação do governo no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, ressalvado o detalhe de não produzir provas contra si mesmo, já que é investigado no STF.

O segundo depoimento temido pelo Palácio do Planalto é o do ex-chanceler Ernesto Araújo, que assim como Pazuello não é um especialista em oratória. “Terraplanista” conhecido, Araújo terá de explicar aos senadores da CPI o uso da estrutura do Itamaraty obter hidroxicloroquina junto a outros países, enquanto a investida diplomática deveria ter focado a compra de vacinas contra Covid-19.

Contudo, o tema que mais preocupa o presidente da República é a possibilidade de o vereador Carlos Bolsonaro, o filho “02”, ser convocado para depor na CPI. Isso porque o executivo responsável pela Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, afirmou em depoimento que o “02” participou das negociações do governo com representantes da farmacêutica para compra de vacinas.

Os três assuntos mencionados acima acionaram a verborragia insana de Bolsonaro, que na manhã desta segunda-feira (17) chamou de “idiotas” as pessoas que continuam em casa por conta da pandemia de Covid-19.

 
Em conversa com apoiadores, que diariamente se aglomeram na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro exaltou o setor do agronegócio e afirmou que o homem do campo não parou de trabalhar durante a pandemia.

“O agro realmente não parou. Tem uns idiotas aí, o ‘fique em casa’. Tem alguns idiotas que até hoje ficam em casa. Se o campo tivesse ficado em casa, esse cara tinha morrido de fome, esse idiota tinha morrido de fome. Daí, ficam reclamando de tudo”, disse o presidente.

Quase que diária, a radicalização do discurso torna-se mais evidente quando Jair Bolsonaro está acuado no campo político. Com dados de pesquisas de opinião apontando que sua situação não é das melhores, pelo contrário, a narrativa presidencial avança sobre o terreno do radicalismo.

Bolsonaro tem o direito ao livre pensamento e à sua expressão, mas é preciso lembrar que “idiota” é quem nega a ciência e age com irresponsabilidade genocida ao condenar o distanciamento social, o uso de equipamentos de proteção e as vacinas, além de promover aglomerações e recomendar o uso de medicamentos sem eficácia comprovada.

Esse comportamento condenável, típico de “idiota”, serve apenas para manter unida a horda de apoiadores, formada por ruralistas interesseiros, golpistas de plantão, fundamentalistas religiosos e defensores da liberação de armas de fogo.

Faz-se necessário destacar que Bolsonaro foi eleito na esteira da falsa promessa de um novo jeito de governar, mas o tempo provou que o presidente é “mais do mesmo”, como tem afirmado o UCHO.INFO desde a corrida presidencial de 2018.

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