Se Ernesto Araújo imaginou que teria vida fácil na CPI da Covid, durante depoimento nesta terça-feira (18), a senador Kátia Abreu (PP-TO) mostrou que o roteiro é outro e muito difícil. Sem fazer qualquer pergunta ao ex-chanceler, a parlamentar tocantinense disse que Araújo tem “memória seletiva”.
“O senhor não se lembra de nada que importa e se lembra de coisas mínimas. Parece que existe um Ernesto que fala com a gente aqui e outro Ernesto nas redes”, disse a senadora.
Kátia Abreu, que desmontou a farsa que o ex-ministro tentava emplacar na CPI, fez duras críticas à passagem de Araújo pelo Itamaraty. “O senhor é um negacionista compulsivo, omisso. O senhor no Ministério das Relações Exteriores foi uma bússola para o caos, para o naufrágio da política internacional”, afirmou.
Sem dar trégua ao ex-chanceler e recorrendo a fatos concretos e dados oficiais, Kátia Abreu condenou a forma como Araújo conduziu a política externa brasileira, especialmente com a China, maior parceiro comercial do Brasil.
A parlamentar disse que faltou ao Itamaraty na relação com os chineses, durante a gestão de Ernesto Araújo, “diplomacia, agrado, diálogo”. “Quero lembrar que até abril 85% de toda vacina no Brasil veio da China a despeito do senhor”, ressaltou.
A senadora do Tocantins é conhecida por discursos contundentes, mesmo quando o tema é impopular, mas sua participação na CPI, apesar de não integrar o colegiado, era esperada por muitos, inclusive pelo Palácio do Planalto.
Em vídeo publicado no Twitter antes de sua participação na CPI, Kátia Abreu afirmou: “Nós vamos fazer uma oitiva com o ex-chanceler Ernesto Araújo, que era o ministro do Itamaraty, e que infelizmente não praticou uma boa diplomacia, atrapalhou muito na busca das vacinas. Que Deus tenha piedade dessa alma.”
Dias antes de ser demitido, Ernesto Araújo divulgou nas redes sociais o conteúdo de conversa reservada com a senadora, durante encontro no Itamaraty, sugerindo que a parlamentar teria defendido interesses da China no âmbito das negociações sobre o 5G. Com a divulgação, Araújo, que se esforçava para permanecer no cargo, tentou mostrar que sua demissão abriria caminho para os chineses.
Kátia Abreu não se deixou intimidar e reagiu de forma dura: “O Brasil não pode continuar tendo a face de um marginal”. Logo após o episódio, a pressão para que Ernesto Araújo fosse demitido disparou, obrigando o presidente da República a dispensar o “terraplanista” sabujo.
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