Além de negacionista no tocante à pandemia do novo coronavírus, o governo de Jair Bolsonaro comporta-se de forma esquizofrênica em relação à CPI do Covid, postura que tem a ajuda nauseante da tropa de choque bolsonarista, que busca tumultuar os depoimentos e evitar que o presidente da República seja responsabilizado pela tragédia humana que tomou conta do País e ceifou até o momento mais de 440 mil vidas.
Após a primeira fase do depoimento do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, interrompido em razão de mal-estar do militar, o Palácio do Planalto e os senadores governistas, que diariamente passam vergonha na CPI, comemoraram a oitiva.
Imaginar que a participação de Pazuello na CPI foi exitosa é fruto do devaneio que domina a sede do governo, onde os fanáticos ideológicos não conseguem enxergar o óbvio e trabalham diuturnamente contra a democracia e se esforçam para enganar a opinião pública.
Beneficiado por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para que permanecesse em silêncio caso necessário, Pazuello imaginou ser possível impor ritmo às próprias respostas ao tentar “enquadrar” os senadores. Os parlamentares deixaram o ex-ministro da Saúde à vontade, acreditando que havia liquidado a inquirição, o que não aconteceu.
Os senadores oposicionistas da CPI deixaram Pazuello tropeçar nas próprias declarações, levando-o a contradições absurdas e abrindo caminho para acareações, algo já cogitado pelos integrantes do colegiado. Caso as acareações de fato ocorram, a já difícil situação do governo há de piorar sobremaneira.
Além de tentar proteger de forma vergonhosa o presidente da República, comportamento que confirma o subserviente bordão “um manda, outro obedece”, Eduardo Pazuello mostrou ao longo do depoimento que ser confrontado com a verdade dos fatos lhe tira a concentração. Isso explica o mal-estar ao final do dia, que o próprio depoente negou ter ocorrido.
A defesa que o ex-ministro fez da cloroquina durante do depoimento é um atentado à saúde pública, discurso que ganhou força na sessão desta quinta-feira (20), com a participação encomendada dos governistas, que recorrem à falação desconexa para isentar o presidente da República da responsabilidade.
Alguns profissionais de imprensa, que se dizem especialistas em política, criticaram a forma como o relator Renan Calheiros (MDB-AL) estava conduzindo o interrogatório, mas ao final do dia foram obrigados a reconhecer que o senador alagoano deu corda para Pazuello “se enforcar”.
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Afirmamos desde o início do depoimento que as mentiras do ex-ministro Eduardo Pazuello eram escandalosas e causariam danos ao governo. Prova disso é que os governistas aterrissaram na CPI nesta quinta-feira dispostos a tumultuar e a prolongar o depoimento de Pazuello, que tem 23 senadores inscritos para formular perguntas.
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