CPI da Covid: Pazuello passa mal em depoimento; Randolfe Rodrigues pede quebra de sigilos do ex-ministro

 
Ex-ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello sentiu-se mal durante breve intervalo de sessão da CPI da Covid, no Senado Federal, e precisou de atendimento médico de urgência. O militar, que contava com habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para permanecer em silêncio diante de determinadas perguntas, abriu mão do benefício e respondeu a todos os questionamentos dos parlamentares. Ou seja, o habeas corpus serviu para Pazuello mentir deliberadamente, forma encontrada para blindar o presidente da República.

O depoimento de Eduardo Pazuello, que seria retomado após o intervalo, foi transferido para quinta-feira (20). O ex-ministro foi inicialmente atendido pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), que é médico. De acordo com o parlamentar baiano, o ex-ministro foi acometido por uma síndrome vasovagal.

“Quando cheguei, ele estava com uma síndrome vasovagal típica, perdeu sangue do cérebro, estava muito pálido, acontece muito isso, já aconteceu aqui. Quando o vi assim peguei, coloquei num sofá, deitado com as pernas para cima, pro sangue voltar pro cérebro. Isso acontece muito com as pessoas que ficam muito tempo em pé, às vezes se emocionam um pouco, não pode deixar de atender”, disse Alencar em entrevista à GloboNews.

A síndrome vasovagal provoca queda súbita da frequência cardíaca e da pressão arterial, por ação do nervo vago, localizado na região da nuca. Muitas vezes a síndrome vasovagal ocorre em função de situação de estresse, longos períodos em pé, exposição ao calor ou visualização de sangue. Os sintomas incluem palidez, náuseas, sudorese, batimentos cardíacos acelerados e desmaios.

Até o incidente, que Pazuello nega ter ocorrido, ele manteve postura arrogante e no início do depoimento tentou, sem sucesso, “enquadrar” os senadores, como se estivesse a dar ordens na caserna. A investida não funcionou e o ex-ministro acabou admoestado pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM).

Pazuello pode ser um fiasco em logística, mas tem inteligência suficiente para perceber que as muitas mentiras que despejou sobre os senadores pioraram sua situação, a ponto de ter sido suscitada a possibilidade de uma acareação entre o general e o executivo Carlos Murillo, da Pfizer.

 
Quebra de sigilos

Além disso, para piorar ainda mais a situação de Pazuello, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid, requereu a quebra dos sigilos bancário e telefônico do ex-titular da Saúde. O requerimento ainda precisa ser apreciado pela CPI, mas é grande a chance de ser aprovado.

Randolfe justificou o pedido com a “gravíssima revelação” feita pelo Jornal Nacional, na edição de terça-feira (18), de que na gestão de Pazuello militares escolheram, sem licitação, empresas para reformar imóveis antigos do ministério no Rio de Janeiro. “E, para isso, usaram a pandemia como justificativa para considerar as obras urgentes”, observou o senador.

A polêmica está no fato de que para reformar os tais imóveis o Ministério da Saúde firmou contratos no valor de R$ 29 milhões, recursos que seriam retirados de verba destinada ao combate à pandemia do novo coronavírus.

Os contratos foram firmados pelo superintendente do Ministério da Saúde no Estado do Rio, coronel George Divério, nomeado por Pazuello. Após a assinatura, os contratos foram anulados pela Advocacia-Geral da União (AGU), que considerou não haver razão para a dispensa de licitação.

A imagem das Forças Armadas, em especial do Exército, tem sofrido sérios arranhões nos últimos tempos com a passagem de Pazuello pelo Ministério da Saúde, gestão marcada por trapalhadas das mais diversas. O Exército não precisaria passar por tão grave constrangimento, mas tal situação é fruto da obsessão ideológica do presidente da República e de sua insistência em militarizar o governo, como forma de supostamente intimidar adversários.


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