Afirmar que o governo de Jair Bolsonaro é amador configura ofensa àqueles que diariamente se esforçam para alcançar o profissionalismo. A gestão Bolsonaro é um misto de circo e hospício que coloca o Brasil em situação vexaminosa em todos os cenários, sendo que apenas a horda bolsonarista, tomada por uma cegueira do pensamento, é capaz de endossar os desvarios oficiais. O presidente da República é um néscio confesso que faz do próprio despreparo uma espécie de alavanca para o populismo barato e a vitimização.
Derretendo a cada depoimento prestado à CPI da Covid, em marcha no Senado Federal, o governo recorreu aos apoiadores de aluguel, prática comum na política nacional quando o “emparedamento” é inevitável.
Nesta quinta-feira (20), durante a segunda parte do depoimento do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, uma pérola lançada ao ar confirmou o que há muito afirmamos. Jair Bolsonaro não tem condições de continuar decidindo o futuro do País.
Senador pelo Rio de Janeiro e filho “01” do presidente, Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), o senhor das “rachadinhas” e amigo dos milicianos, interrompeu a sessão da CPI, como sempre, para afirmar que se os senadores querem ouvir alguém que aconselha o pai, que chamem o pastor Silas Malafaia.
“Agora, vocês querem ouvir uma pessoa que dá conselho ao presidente da República? Vou dar o nome: pastor Silas Malafaia. Ele fala quase que diariamente com o presidente e o influencia. Chama ele aqui”, afirmou Flávio na CPI.
Senadores oposicionistas que integram a CPI da Covid suspeitam da existência de um gabinete paralelo que define as diretrizes para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.
Não pode ser levado a sério um presidente da República que se deixa influenciar pelo religioso fundamentalista da esquina mais próxima que explora a fé alheia e faz da fanfarronice a marca das suas pregações. Isso mostra a irresponsabilidade de um governante que após mais de um ano do início da pandemia continua defendendo o tratamento precoce, demoniza as vacinas, condena o isolamento social, provoca aglomerações e se recusa a usar máscara de proteção.
Gazeteiro profissional, até porque se assim não fosse jamais conseguiria encher os cofres da igreja, Malafaia disse que está disposto a enfrentar os senadores da CPI da Covid. O que Malafaia busca é mais uma exposição midiática para fazer a alegria de sua plateia.
Se de fato Silas Malafaia é o conselheiro de todos os dias do presidente da República, a pífia atuação do governo no enfrentamento da pandemia já tem uma explicação.
Crítico contumaz do isolamento social, até porque a igreja precisa arrecadar, Malafaia, em março de 2020, fez postagem no Twitter com previsão sobre o resultado da pandemia: “No final da história vamos ver quem está com a razão, Bolsonaro ou os politiqueiros de plantão e a imprensa que tem produzido pânico no povo.”
Em qualquer país minimamente sério e com autoridades imbuídas de seus deveres, Jair Bolsonaro já não seria presidente, enquanto o pastor-conselheiro estaria preso.
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