As ruas gritam: fora Bozo!

(*) Gisele Leite

Enfim, desde o começo dessa pandemia, as ruas deixaram de ser território bolsonarista e, no último sábado, 29.05.2021, ecoaram protestos veementes contra o atual Presidente da República e, se reproduziram por mais de duzentas cidades brasileiras.

Apesar do uso generalizado de máscaras, as aglomerações produzidas se justificavam por dar voz e vez as críticas ao atual governo. Nem a CUT, nem o MST realizaram convocação para tais atos, apesar de liberarem seus militantes.

E, segundo seus organizadores, foram cerca de quatrocentos e vinte mil manifestantes, incluindo os oitenta mil presentes na Avenida Paulista em São Paulo.

O bolsonarismo nas redes sociais através de perfis de colaboradores espalharam fake news afirmando que os vídeos da manifestação de sábado seriam os realizados contra o impeachment de Dilma em 2016, embora os cartazes apontassem críticas ao Bolsonaro e os bonecos infláveis deste fossem visíveis e feios (por isso, autênticos e contemporâneos).

O líder do governo na Câmara de Deputados, Ricardo Barros afirmou que os atos de sábado definitivamente consolidam a polarização existente entre Bolsonaro e Lula e, antecipam a corrida para eleição presidencial de 2022.

Cumpre destacar que Lula não participou de nenhum dos eventos. E, ainda, ressaltou que a oposição perdeu um de seus principais argumentos que é a crítica de formação de aglomerações promovida pelo atual Presidente.

Há duas duras derrotas para o atual governo brasileiro, pois está em perigo o Estado Democrático de Direito, e, ainda, fracassa o plano macabro de desestabilizar as Forças Armadas como instituições do Estado e, não de um governo. Igualmente o bolsonarismo perdeu nas redes sociais. E, a repressão aos manifestantes em Recife gera um precedente grave, além de perigoso. O ocorrido no Recife destoou completamente dos demais protestos pacíficos que ocorreram em todo o país de forma pacífica.

E o saldo final foi lesões corporais graves (atingiram os olhos) de manifestantes e a vereadora Liana Cirne atingida por spray de pimenta.

Em resposta, o governador Paulo Câmara confirmou que a ação contra a vereadora não fora autorizada e, ainda, afastou o comandante da operação e os policiais que a agrediram, porém, não confirmou se a Polícia Militar agiu à revelia do governo estadual na repressão ao protesto.

Os protestos brasileiros contra o atual governo federal repercutiram em todos os veículos de comunicação por todo o mundo.

O Presidente da República informou ao Comandante do Exército que não deseja ver o General Pazuello (vulgo: “meu gordinho”) punido por ter participado de ato político no Rio de Janeiro. Tal informação só veio acirrar severamente a crise com o Alto Comando do Exército, e pode gerar a renúncia do atual Ministro. De qualquer forma, a impunidade remessa os quartéis ao território da anarquia e do desrespeito ao Regulamento Militar e à hierarquia.

Descobriu-se que o atual General Pazuello, em 2005, fora denunciado por fazer um soldado negro, Carlos Vitor de Souza Chagas, na época com dezenove anos, puxar uma carroça como se fosse um cavalo pelo Depósito Central de Munições do Exército.

O caso fora arquivado e, o soldado devidamente convencido pelo pai a não processar o oficial superior na Justiça por racismo, temendo sérias represálias. Portanto, máculas à honrosa ficha disciplinar do General Pazuello não são, de todo, inéditas.

(i) Bozo era personagem caracterizado como palhaço por Luiz Ricardo no Programa Sílvio Santos no SBT. A origem do personagem situa-se nos EUA em 1946 por Allan Livingston, originalmente para uma coletânea de discos com histórias infantis chamada Bozo at the Circus. Sua primeira aparição foi em 1949, sendo interpretado pelo ator e dublador Vance Colvig. O programa do palhaço Bozo (Bozo Bozoca Nariz de Pipoca) chegou a ser produzido em mais de 240 estações de televisão em 40 países, entre eles, o Brasil, tornando-se muito popular, foi exibido entre 15 de setembro de 1980 a 2 de março de 1991. O comediante Wandeko Pipoka foi escolhido por Larry Harmon, o dono da franquia, para ser o primeiro Bozo brasileiro do SBT, haja vista que o primeiro Bozo do Brasil foi o humorista José Vasconcellos que em 1954 fez a versão brasileira dos primeiros discos do Bozo americano.

(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.

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