CovaxinGate: ao manter Ricardo Barros como líder do governo, Bolsonaro mostra ser refém do Centrão

 
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro alega ser impossível saber o que acontece nos ministérios, o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR) diz não haver prova concerta de sua participação no caso da compra da Covaxin, vacina contra Covid-19 fabricada pela farmacêutica indiana Bharat Biotech, e alvo de superfaturamento na casa de 1.000%.

Quem acompanha a política nacional sabe que o exercício do poder acontece à sombra de muito dinheiro e interesses escusos. Isso é o que os políticos costumam chamar de “presidencialismo de coalizão”, que na verdade é um escambo que contrapõe apoio político e licença para assaltar os cofres públicos.

Ao ser informado do esquema de corrupção no âmbito do processo de compra da Covaxin, Jair Bolsonaro tinha o dever de informar a Polícia Federal e determinar abertura de investigação. Ao contrário, o presidente da República calou-se diante da informação, apesar de ter afirmado que o assunto era “rolo” de Ricardo Barros. Agiu dessa maneira, o que configura prevaricação, por questões de sobrevivência política.

Como se fosse pouco, Bolsonaro nomeou a esposa do deputado Ricardo Barros, a ex-governadora do Paraná Cida Borghetti, ao cargo de conselheira da binacional Itaipu, com direito a salário mensal de R$ 27 mil e outras benesses e mordomias.

 
Fosse o governo Bolsonaro minimamente sério, Ricardo Barros já teria sido afastado do posto, mas o Palácio do Planalto preferiu mantê-lo na função. Essa decisão demonstra de forma inequívoca que Bolsonaro é refém do Centrão, que cobra faturas cada vez mais altas em troca de apoio parlamentar e para barrar os pedidos de impeachment contra o presidente da República.

É importante ressaltar que o UCHO.INFO alertou para a importância de se acompanhar os movimentos da Ricardo Barros no âmbito da medida provisória que possibilitou a compra das vacinas Covaxin e Sputnik V.

Por ocasião do impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), o processo avançou no Congresso não apenas pelas chamadas “pedaladas fiscais”, ilícito cometido por outros governantes, mas principalmente porque o ambiente político era favorável. Além disso, o escândalo do Petrolão funcionou como combustível extra.

No caso de Jair Bolsonaro, um eventual processo de impeachment depende da pressão da opinião pública, já que o Centrão está disposto, pelo menos por enquanto, a preservar o presidente da República, desde que a contrapartida seja à altura.

No contraponto, com a popularidade de Bolsonaro em queda e a perda de parte de sua base de apoio na sociedade, os parlamentares aliados devem avaliar o cenário com vistas às eleições de 2022. Por mais gordo e tentador que seja o “butim”, nenhum político ousa correr riscos elevados em nome de compensações espúrias. Prova disso é que a defesa do impeachment de Bolsonaro já está no espectro da esquerda e da direita.

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