Jair Bolsonaro entra em lista global dos “predadores da liberdade de imprensa”

     
    O presidente Jair Bolsonaro é um dos 37 líderes de todo o planeta que a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) considera “predadores da liberdade de imprensa”, em lista divulgada nesta segunda-feira (5) que inclui ainda os chefes de Estado da Síria, Bashar al-Assad, e da China, Xi Jinping.

    Na América Latina, Bolsonaro está acompanhado dos líderes de outros três países: Miguel Díaz-Canel, de Cuba, Daniel Ortega, da Nicarágua, e Nicolás Maduro, da Venezuela.

    Estão ainda no rol o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Salman, e, pela primeira vez, um líder de um país da União Europeia (UE), o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán.

    A lista dos “predadores da liberdade de imprensa” foi elaborada pela primeira vez há 20 anos, e sua última edição havia sido divulgada em 2016.

    Retórica belicosa e ataques a jornalistas mulheres

    Jair Bolsonaro foi incluído na lista devido às suas ações contrárias aos meios de comunicação social desde que chegou ao poder, que incluem insultos, humilhações e “ameaças vulgares”, segundo a RSF.

     
    Durante seu mandato, “o trabalho da imprensa brasileira tornou-se extremamente complexo”, salientou a organização, que criticou Bolsonaro pela “retórica belicosa e grosseira”, amplificada por pessoas de seu entorno e “uma base organizada” que propaga ataques com o objetivo de “desacreditar a imprensa, apresentada como inimigo do Estado”.

    Os principais alvos dos seus ataques são mulheres jornalistas, analistas políticos e a Rede Globo, chamada por Bolsonaro de “TV funerária” por noticiar as mortes causadas pela covid-19. De acordo com a RSF, a Globo foi alvo de 180 ataques no ano passado por parte do presidente.

    O relatório também ressalta os “ataques sexistas e misóginos” contra jornalistas mulheres como um “forte marcador” do bolsonarismo. “Muitas mulheres jornalistas foram vítimas de ataques sexistas e são obrigadas a trabalhar em um ambiente tóxico, à mercê do linchamento digital de partidários do presidente”, afirma a entidade.

    O Brasil caiu quatro posições no último ranking de liberdade de imprensa da organização, referente a 2020, quarto ano consecutivo de queda. Na 111ª colocação, o país entrou na “zona vermelha”, que caracteriza um cenário difícil para a atuação jornalística, ao lado de países como Afeganistão, Emirados Árabes Unidos e Guatemala.

    Em entrevista à Deutsche Welle, em maio, o diretor da RSF na América Latina, Emmanuel Colombié, afirmou haver uma estratégia estruturada de ataques a jornalistas no Brasil, que vai do presidente à sua base de apoiadores e cria um “ambiente tóxico” para a atuação dos profissionais de imprensa. (Com agências internacionais)

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