Áudio de ex-cunhada de Bolsonaro exige investigação da Receita Federal para apurar “rachadinhas” do clã

 
Como afirmou o UCHO.INFO na edição de segunda-feira (5), a tentativa do senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, de tentar convocar para depoimento Andréa Siqueira Valle, ex-cunhada do presidente da República, é uma decisão que mescla irresponsabilidade e revanchismo político.

Em gravação divulgada no escopo de matéria do portal UOL, Andréa sinaliza que Jair Bolsonaro comandava esquema de “rachadinhas” no período em que cumpriu mandatos de deputado federal (1991-2018). Tal acusação surge em trecho da mensagem em que a ex-cunhada diz que seu irmão, André, também funcionário do gabinete de Bolsonaro, não devolvia parte do salário de acordo com o combinado.

“O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: ‘Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo’”, diz Andréa Valle na gravação.

Na segunda-feira, a bancada do PSOL na Câmara dos Deputados enviou representação à Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitando investigação sobre o suposto envolvimento de Bolsonaro no esquema de “rachadinhas”. No documento, o PSOL pede que as apurações considerem possíveis crimes de improbidade administrativa, peculato, prevaricação, corrupção e lavagem de dinheiro.

 
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Por outro lado, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) já recolhe assinaturas para a criação da “CPI das Rachadinhas”. A comissão, se criada e instalada, terá como fato determinado a prática de políticos de cobrar parte dos salários dos servidores que nomeiam em seus gabinetes, muitos deles “fantasmas”.

O escândalo em questão precisa ser investigado com o devido rigor, principalmente no que tange a Andréa Siqueira Valle, que também trabalho no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). No áudio, André afirma que mensalmente devolvia a Flávio R$ 7 mil do salário que recebia como servidora do gabinete do parlamentar.

“Eu ficava com R$ 1 mil e pouco e ele ficava com R$ 7 mil, então, assim, certo ou errado agora já foi, não tem jeito de voltar atrás”, diz Andréa Siqueira Valle na gravação.

Há um detalhe que pode servir como justificativa para uma investigação mais profunda, com a participação da Receita Federal do Brasil (RFB). Considerando que do salário como servidora da Alerj a ex-cunhada de Bolsonaro repassava ao filho “01” R$ 7 mil e ficava com pouco mais de R$ 1 mil, sua remuneração deveria girar no patamar de R$ 11.500,00 (valor bruto), sendo o desconto referente ao Imposto de Renda (27,5%) de R$ 3,5 mil. Esses cálculos foram feitos com base no conteúdo da gravação.

No caso de a “CPI das Rachadinhas” prosperar, até porque Andréa Siqueira Valle tem muito a revelar, e a Receita Federal participar das investigações, o clã Bolsonaro corre o sério risco de ser desmascarado de vez. Afinal, Flávio Bolsonaro terá incorrido em crimes semelhantes aos cometidos pelo pai enquanto deputado federal.

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