“Caguei para a CPI, não vou responder nada”, diz Bolsonaro sobre carta de senadores da comissão

 
A CPI da Covid continua rendendo capítulos acalorados e incompreensíveis. Na tarde desta quinta-feira (8), os senadores Omar Aziz (PSD-AM), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) Renan Calheiros (MDB-AL), presidente, vice-presidente e relator da Comissão Parlamentar de Inquérito, respectivamente, protocolaram na Presidência da República carta em que cobram um posicionamento de Jair Bolsonaro sobre o esquema de corrupção envolvendo a aquisição da vacina Covaxin.

“Tomamos essa iniciativa de maneira formal, tendo em vista que no dia de hoje, após 13 dias, Vossa Excelência não emitiu qualquer manifestação afastando, de forma categórica, pontual e esclarecedora, as graves afirmações atribuídas à Vossa Excelência, que recaem sobre o líder de seu governo”, afirmam os senadores no documento.

O intuito dos três senadores era ter do presidente da República um posicionamento sobre a denúncia feita pelo deputado federal Luís Cláudio Miranda (DM-DF), que em depoimento afirmou que Bolsonaro foi informado, em 20 de março, acerca do esquema de corrupção no Ministério da Saúde, o qual envolveria o também deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara. Na ocasião, o presidente disse que acionaria a Polícia Federal, o que não aconteceu até a divulgação do escândalo.

Na noite desta quinta-feira, usando palavras de baixo calão, Bolsonaro Usando palavra de baixo calão, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não responderá à mencionada carta enviada pela cúpula da CPI da Covid.

 
“Sabe qual a minha resposta? Caguei. Caguei para a CPI, não vou responder nada!”, afirmou o presidente em sua enfadonha live semanal.

Bolsonaro novamente atacou os senadores independentes e de oposição que integram a CPI e referiu-se a Aziz, Randolfe e Calheiros como “imbecil”, “hipócrita” e “analfabeto”. “Não vou responder nada para estes caras, não vou responder nada para este tipo de gente”, disse.

“Não me interessa falar sobre a CPI da mentira. Porque se eles tivessem algo concreto contra mim, não estariam querendo fazer pergunta para mim [sobre] o que aconteceu aqui, nesta sala, em março, quatro meses atrás”, afirmou Bolsonaro, que mais uma vez recorreu à tese de que não houve corrupção porque o governo não desembolsou recursos públicos.

“Eu agora sou corrupto sem ter gasto R$ 0,01 com vacina”, emendou o presidente. Em nenhum momento falou-se em corrupção envolvendo Bolsonaro e o escândalo em pauta, mas, sim, em prevaricação, pois nada foi feito para apurar a denúncia.

A CPI da Covid peca enormemente ao criar oportunidades para que o presidente da República se faça de vítima, algo que nem mesmo em sonho é. A comissão deve seguir seu curso focando na apuração dos fatos e desvencilhando-se das questões políticas e partidárias, posturas que servirão para validar o relatório final. Todo tropeço da CPI será capitalizado por Bolsonaro.


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