Diante de inevitável derrota, governistas manobram e conseguem adiar sessão sobre o voto impresso

 
Nesta sexta-feira (16), em sessão tumultuada por integrantes da base de apoio do governo Bolsonaro, a comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) sobre o voto impresso acabou adiada. O tema será retomado em agosto, após o recesso parlamentar.

Apesar da pressão exercida por membros da oposição, o presidente da comissão especial, deputado federal Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), acatou pedido do relator Filipe Barros (PSL-PR), que pediu mais tempo para fazer alterações em seu parecer. Uma das principais bandeiras do presidente Jair Bolsonaro, o retorno do voto impresso deve ser barrado no plenário da Câmara, caso seja aprovada na comissão.

A citada sessão foi agendada por autoconvocação, liderada por 18 integrantes e um suplente da comissão. Durante a discussão da matéria, deputados da base do governo alegaram falhas tecnológicas no sistema de deliberação remota, já que a sessão ocorreu de forma virtual.

Contudo, a oposição promete reagir. “Foi uma aberração, uma absoluta desonestidade”, disse o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). “A comissão foi vítima de um bando”, emendou o petista, que chamou Filipe Martins de “picareta”.

 
A PEC do voto impresso é de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF), bolsonarista de primeira hora, que já deu declarações consideradas golpistas ao dizer que “ou fazemos eleições limpas ou não temos eleições”, discurso idêntico ao de Bolsonaro, que insiste em ameaçar a democracia e flertar com o autoritarismo.

Diante da possibilidade de a PEC ser aprovada na comissão especial, 11 partidos se movimentaram para derrubar o texto, articulação que contou com o apoio de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que são contrários ao voto impresso. As urnas eletrônicas estão em funcionamento desde as eleições de 1996, portanto há 25 anos, sem qualquer indício de fraude.

O entendimento da comissão especial mudou após várias legendas substituírem membros do colegiado. O deputado Aécio Neves (PSDB-MG), por exemplo, que em 2014 questionou o resultado das eleições presidenciais junto ao TSE, foi substituído por Rodrigo Maia (sem-partido-RJ), ex-presidente da Câmara.

Na sessão desta sexta-feira, até o líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), orientou a base a votar a favor da retirada de pauta do tema, estratégia que adiou a derrota de Bolsonaro e seus descontrolados apoiadores. O requerimento do líder governista foi derrotado, por isso o pedido de mais tempo para alterações no texto.

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