Covid-19: Anvisa autoriza testes com proxalutamida, medicamento promovido pelo negacionista Bolsonaro

 
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, nesta segunda-feira (19), a realização de estudo clínico para avaliar a segurança e a eficácia do medicamento proxalutamida no tratamento da Covid-19. O fármaco foi defendido no final de semana pelo presidente Jair Bolsonaro, em mais um dos seus delirantes discursos contra a pandemia do novo coronavírus.

A pesquisa, patrocinada pelo laboratório Suzhou Kintor Pharmaceuticals, sediado na China, será realizada no Brasil e em mais seis países: Alemanha, Argentina, África do Sul, Estados Unidos, México e Ucrânia. No Brasil, o estudo incluirá 50 voluntários, sendo 38 em São Paulo e 12 em Roraima, todos homens e com quadro leve ou moderado da doença.

No domingo, ao receber alta do Hospital Nova Star, na cidade de São Paulo, onde estava internado em São Paulo para tratar uma obstrução intestinal, Bolsonaro afirmou que pretendia conversar com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, sobre o uso da proxalutamida contra a Covid-19. Em conversa com jornalistas, o presidente disse que pediria estudos no País sobre o medicamento.

A proxalutamida foi desenvolvida na China para o tratamento de câncer de próstata e de mama, mas não tem eficácia comprovada cientificamente contra o novo coronavírus e suas mutações. O presidente já havia mencionado o medicamento em abril como promissor contra a doença provocada pelo coronavírus – mais um entre vários remédios ineficazes defendidos por Bolsonaro ao longo da pandemia.

 
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“É uma droga que está sendo estudada e que, em alguns países, tem apresentado melhora. Existe no Brasil de forma não ainda comprovada cientificamente, de forma não legal, mas tem curado gente”, afirmou o presidente no domingo, ao deixar o hospital.

“Vou ver se a gente faz um estudo disso daí para a gente apresentar uma possível alternativa. Temos que tentar. Tem que buscar alternativas e, com todo respeito, eu não errei nenhuma”, continuou Bolsonaro, ignorando o fato de que medicamentos intensamente promovidos por ele e por seu governo, como a cloroquina e a ivermectina, tiveram ineficácia comprovada contra a doença provocada pelo SARS-CoV-2, inclusive pelo próprio Ministério da Saúde.

Em ofício enviado à CPI da Covid, na última semana, o ministério ressalta que “alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos na população de pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados”.

“Alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos na população de pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados, sendo eles: hidroxicloroquina ou cloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, colchicina e plasma convalescente. A ivermectina e a associação de casirivimabe + imdevimabe não possuem evidência que justifiquem seu uso em pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados nessa população”, destaca o documento.

Um estudo citado pelo presidente da República para defender a proxalutamida, medicamento que já é tratada como a “nova cloroquina”, também levantou suspeitas de fraude, conforme revelou o jornal “O Globo”.

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