Como funciona o Pegasus, programa espião israelense cobiçado pela “Abin paralela” do governo Bolsonaro

 
O programa de espionagem Pegasus ganhou as manchetes pela primeira vez em 2016, quando o projeto Citizen Lab, da Universidade de Toronto, descobriu vulnerabilidades no iOS, sistema operacional móvel da Apple. Mais tarde, em 2019, aproximadamente 1.400 pessoas foram vítimas de espionagem através do software, que explorou uma vulnerabilidade do WhatsApp para se infiltrar nos telefones.

Em declarações ao “The Washington Post”, o NSO Group, empresa israelense fabricante do programa de espionagem, se recusou a identificar os governos aos quais vendeu a ferramenta.

Em maio passado, uma reportagem do portal UOL apontou que o vereador Carlos Bolsonaro, o filho “02” do presidente Jair Bolsonaro, teria participado de negociações para que o Ministério da Justiça adquirisse o sistema. Fontes ouvidas pelo site afirmam que a ideia do vereador era reforçar uma “Abin paralela”, que responde diretamente à família do presidente, em referência à Agência Brasileira de Inteligência (Abin). À época, o filho “02” negou que estivesse envolvido em qualquer negociação.

O programa Pegasus explora constantemente as vulnerabilidades dos smartphones. Uma vez inserido no celular, o Pegasus exporta os dados do usuário (e-mails, mensagens, fotos, etc.) para páginas da internet criadas pela NSO, que são constantemente modificadas para evitar detecção. A ferramenta é cara e, segundo reportagem do jornal “The New York Times”, o governo do México teria desembolsado mais de US$ 80 milhões pelo seu uso (R$ 417 milhões).

 
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A transmissão de informações passa totalmente despercebida pelo usuário e é muito difícil encontrar qualquer prova da ação de espionagem nos celulares Android. Por esse motivo, a investigação revelada no domingo (19) foi baseada em celulares da Apple.

Inicialmente, a NSO usava armadilhas via SMS, bugs no WhatsApp, iMessage, Apple Music e outros aplicativos para espionar os celulares, sendo necessária uma ação do usuário, como clicar em um link para que o telefone fosse hackeado. Porém, segundo especialistas, a ferramenta consegue penetrar nos aparelhos mesmo sem qualquer ação do usuário.

De acordo com as reportagens do consórcio de jornais e organizações liderado pelo projeto francês Forbidden Stories – que revelou que os governos de vários países podem ter espionado 50 mil números de telefone de ativistas, jornalistas e políticos –, a NSO emprega hackers experientes que constantemente procuram falhas nos telefones celulares.

Segundo especialistas, a NSO também tende a recorrer ao “mercado clandestino”, no qual pesquisadores de cibersegurança inescrupulosos comercializam as falhas que servem de porta de entrada para a invasão dos equipamentos. (Com Deutsche Welle e agências internacionais)


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