Com novo fundo eleitoral e reforma ministerial, Bolsonaro cede à pressão do “Centrão” para conter crise

 
O presidente Jair Bolsonaro disse no último domingo (18) que os R$ 5,7 bilhões do fundo eleitoral representavam uma “casca da banana” jogada pelo Congresso Nacional, operação comandada pelo Centrão. Horas depois, o chefe do Executivo afirmou que vetaria o mencionado trecho da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) “em respeito ao trabalhador e ao contribuinte”.

Como mencionamos em matéria anterior, chamou a atenção o fato de o projeto da LDO não ter recebido uma só emenda em plenário, seja da oposição dou da base aliada. Em outras palavras, senadores e deputados estavam, como ainda estão, de olho no suado dinheiro do trabalhador.

Em seguida, Bolsonaro alegou que o fundo eleitoral deveria ser reajustado pela inflação com base no montante destinado às eleições municipais de 2020, o que totalizaria R$ 2,2 bilhões. Enganou-se enormemente quem acreditou no falso bom-mocismo de Bolsonaro, pois o governo e o Congresso fizeram um “jogo de cartas marcadas”.

Desse “passa e repassa” surgiu a ideia conjunta de fixar em R$ 4 bilhões os recursos destinados ao fundo eleitoral, sem que a população tivesse reagido da mesma maneira quando foi anunciado os quase R$ 6 bilhões.

O Centrão, que comanda principalmente a Câmara dos Deputados, opera na maioria das vezes para aumentar o valor da fatura cobrada do governo. Refém do bloco parlamentar que vende apoio político em troca de cargos, liberação de recursos públicos, orçamento secreto e outras benesses nada republicanas, Bolsonaro tem ciência de que eventual veto ao “fundão” poderia ser derrubado no Congresso, potencializando uma crise política quase sem fim.

 
Temendo a possibilidade real de um pedido de impeachment ser colocado em marcha, o presidente da República fez-se de desentendido, na esteira do acordo de bastidor que prevê R$ 4 bilhões para o fundo eleitoral, e não retomou o assunto.

Para compensar a aquiescência (sic) dos caciques congressistas, Bolsonaro não perdeu tempo e cedeu à pressão do Centrão, que, como noticiamos em matéria anterior, cobrava do governo a indicação de um senador para a equipe ministerial. A saída foi convidar o senador Ciro Nogueira, presidente nacional do Partido Progressistas, para assumir o comando da Casa Civil.

Com esse gesto, o presidente posterga eventual intifada no Parlamento e injeta dose de fôlego novo em seu projeto de reeleição, que ainda enfrenta processo de derretimento. Além disso, a “dança de cadeiras” pode forçar o surgimento de um candidato da chamada “terceira via” para concorrer ao Palácio do Planalto em 2022, já que por enquanto prevalece a polarização com o ex-presidente Lula. Todos os que se apresentaram até então como “terceira via”, sem convencer, despareceram de maneira meteórica.

Por outro lado, a decisão de ceder à pressão do Centrão também pode comprometer o projeto de Bolsonaro de conquistar o direito de permanecer mais quatro anos como presidente. Afinal, o discurso entoado por Jair Bolsonaro na campanha de 2018, contra a corrupção e a “velha política”, há muito foi pelos ares. E muitos dos líderes do Centrão se envolverem em casos de corrupção e respondem na Justiça pelos crimes cometidos.

Nesse enxadrismo político que empareda o presidente da República é importante ressaltar que o PP, do eventual futuro ministro Ciro Nogueira, foi destacado coadjuvante no Petrolão e agora está no centro do escândalo de compra de vacinas contra Covid-19. O mandato de Ciro Nogueira termina em janeiro 2027, mas é preciso saber se o senador disputará o governo do Piauí no próximo ano. Até recentemente, Ciro era aliado do PT no estado.

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