Fracassadas, buscas por candidato da terceira via revelam cenário de enfadonho “abraço de afogados”

 
Como destacou o UCHO.INFO em matéria anterior, na antecipada corrida ao Palácio do Planalto continua prevalecendo a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula, sendo que o petista lidera com folga as pesquisas de opinião. Se a eleição presidencial fosse hoje, Lula sairia vitorioso das urnas. Isso significa que até então fracassaram as tentativas de lançar um pré-candidato da chamada terceira via ou um “outsider”.

Com o cenário eleitoral cada vez mais complexo e indefinido, mesmo faltando quinze meses para a disputa presidencial, partidos e pré-candidatos fora do espectro da polarização buscam um lugar ao sol. Valem-se das mais variadas estratégias, mas por enquanto não conseguiram convencer um eleitorado que ainda sonha com o diferente, o inusitado.

O PSDB, que sempre existiu sob a bandeira da cizânia, está ainda mais dividido por causa das propostas de algumas lideranças tucanas. Presidente nacional da legenda, Bruno Araújo afirmou que o PSDB, em nome de derrotar Bolsonaro, poderá não lançar candidato ao Palácio do Planalto. Caso o prognóstico de Araújo se confirme, pela primeira vez desde 1989 o PSDB não concorrerá à Presidência da República.

Enquanto o líder do tucanato surge em cena com esse discurso, dois outros filiados ao partido rechaçam tal possibilidade: João Dória Júnior e Eduardo Leite, governadores de São Paulo e do Rio Grande do Sul, respectivamente, ambos de olho no Palácio do Planalto.

Senador da República e ex-governador do Ceará, Tasso Jereissati, que recentemente teve o nome lançado como possível candidato de consenso do partido, sugeriu que o PSDB não concorra à Presidência e apoie Ciro Gomes, que deverá participar da disputa presidencial pelo PDT. Longe de ser um candidato de centro, como tenta fazer acreditar, Ciro Gomes selou “acordo de paz” com Jereissati no Ceará.

 
A proposta de Bruno Araújo, mal recepcionada no ninho tucano, decorre de movimento do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), que tenta recuperar o prestígio político perdido no vácuo de escândalos de corrupção e processos judiciais. Diferentemente do que imaginava o governador de São Paulo, Araújo é aliado de Aécio, que por sua vez trabalha nos bastidores contra Dória. Além disso, Aécio tem preocupado os correligionários com sua incompreensível aproximação ao governo Bolsonaro.

A última pesquisa do instituto Datafolha sobre a eleição presidencial de 2022 não deixa dúvidas a respeito da polarização entre Bolsonaro e Lula, assim como confirma os esmaecidos cacifes eleitorais dos outros postulantes ao cargo. No primeiro cenário, com a participação de Ciro, Dória e Luiz Henrique Mandetta (DEM), o petista Lula lidera com 46% das intenções de voto no primeiro turno, contra 25% de Bolsonaro. Ciro Gomes aparece em terceiro lugar, com 8%, seguido por João Dória, com 5%, e Mandetta, com 4%.

Na simulação em que o tucano Eduardo Leite substitui o governador paulista, o resultado da pesquisa é semelhante. Lula lidera com 46%, Bolsonaro aparece em segundo com 25%, Ciro Gomes, 9%, Mandetta, 5%, e Eduardo Leite, 3%. No segundo turno, de acordo com o levantamento, Lula venceria a eleição com 58% dos votos, contra 31% de Bolsonaro.

A pesquisa Datafolha revelou os índices de rejeição dos pré-candidatos, fator que interfere diretamente no resultado das urnas: Bolsonaro (59%), Lula (37%), Dória (37%), Ciro (31%), Mandetta (23%) e Eduardo Leite (21%).

Diante desse quadro de indefinição e sobressaltos, o malabarismo de candidatos que se apresentam como de centro ou terceira aponta, por enquanto, para um enfadonho “abraço de afogados”. O tempo urge e a disputa presidencial já está nas ruas.

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