O governo de Jair Bolsonaro derrete, assim como derrete seu projeto de reeleição. Eleito sob a bandeira de implacável combate à corrupção, o presidente, após empossado no cargo, passou a atirar pedras no “toma lá, dá cá” e no que decidiu chamar de “velha política”. A lua de mel com a parcela do eleitorado que lhe confiou o voto foi além do esperado.
Na mira de mais de dez dúzias de pedidos de impeachment, o chefe do Executivo tornou-se refém do que há de pior na política brasileira, o Centrão, que aluga apoio político no Congresso Nacional, não importando quem seja o inquilino. As palavras são do próprio Bolsonaro, que na campanha presidencial fez duras críticas ao informal bloco parlamentar.
Traindo em doses homeopáticas os militares que o acompanharam até o momento, Jair Bolsonaro vê o generalato palaciano ser devorado pela volúpia do Centrão. Depois de conseguir, à base de muita pressão e chantagem, o comando da Casa Civil, o que provocou o despejo do general da reserva Luiz Eduardo Ramos, o Centrão agora cobra a recriação do Ministério do Planejamento.
No caso de o presidente ceder à pressão do Centrão, a pasta da Economia, comandada pelo ainda ministro Paulo Guedes, enfrentará novo processo de desmembramento, já que na próxima semana será recriado, por meio de medida provisória, o Ministério do Trabalho e da Previdência para abrigar Onyx Lorenzoni.
Coadjuvante nos escândalos de corrupção no campo da compra de vacinas contra Covid-19, o Centrão passaria a controlar o orçamento da União – o teto de gastos para 2021 é de R$ 1,48 trilhão. Tamanho absurdo prova que o governo Bolsonaro acabou de forma melancólica, aguardando apenas o anúncio do funeral.
Como sempre afirmamos, na política brasileira não há espaço para coincidências porque tudo é feito de caso pensado. Sem partido desde que deixou o PSL, Bolsonaro procura uma legenda para chamar de sua e tenha o controle de cima para baixo.
Após o desembarque do Centrão no Palácio do Planalto, uma filiação ao Partido Progressista, um dos protagonistas do escândalo do Petrolão, Bolsonaro não descarta a possibilidade de retornar ao PP. Quem acompanha a política nacional com atenção sabe que assumir o comando de um partido com tantos caciques, como o PP, é quase impossível.
Contudo, como a política no Brasil foi transformada em largo e imundo balcão de negócios, talvez a recriação do Ministério do Planejamento seja o preço para Bolsonaro mandar e desmandar no PP.
Mesmo assim, o UCHO.INFO acredita ser essa uma missão impossível, mas não improvável, já que o próprio Bolsonaro declarou publicamente ser integrante do Centrão, após confirmar o nome do senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, para a Casa Civil.
Na eventualidade de a nova demanda do Centrão ser atendida, o ministro Paulo Guedes será mais uma vez desacreditado pelo presidente da República. Ou seja, o “Posto Ipiranga” que surgiu com pompa e circunstância na campanha de 2018 agora está sem bandeira.
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