Bolsonaro, o filho “03” e Augusto Heleno não honram as próprias palavras e Ciro Nogueira “ganha” a Casa Civil

 
Em matéria anterior, o UCHO.INFO afirmou que o governo de Jair Bolsonaro, cada vez mais refém do Centrão, caminhava para o seu final, o que não significa interrupção do mandato presidencial. Aliás, a possibilidade de um processo de impeachment contra Bolsonaro ficou mais distante com a chegada do senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, ao comando da Casa Civil.

Pressionado pela ala radical do bolsonarismo e pelos generais palacianos a não entregar a Casa Civil ao líder do Centrão, Bolsonaro acabou vencido pela necessidade de ampliar o apoio político no Congresso Nacional. Isso significa que o apoio custará caro ao governo, que já começou pagar as faturas apresentadas pela coalizão de partidos que se dedicam ao proxenetismo político.

Diante da pressão sofrida nos últimos dias, Bolsonaro ensaiou um eventual recuo em relação a Ciro Nogueira, dando a entender na segunda-feira (26) que a chegada do senador piauiense à principal pasta do governo era apenas uma possibilidade, não sem antes cogitar sua indicação à chefia da Secretaria-Geral da Presidência. Apoiado por seus companheiros de ajuntamento partidário, Ciro rejeitou a ideia e cobrou o que lhe fora prometido publicamente.

O general da reserva Luiz Eduardo Ramos, que oficialmente ainda está à frente da Casa Civil, teria resistido de entregar o comando da pasta ao líder do Centrão e tentou demover o presidente da República da ideia, mas não teve sucesso em sua empreitada.

Amigo de Bolsonaro desde os tempos de academia militar, Ramos participou do governo até junho de 2020 como oficial da ativa, mas o incômodo da caserna o fez passar para a reserva. Isso em nome da amizade com o presidente da República e da disposição de colaborar com a atual gestão.

 
Matéria relacionada
. Em meio ao avanço acintoso do Centrão sobre o governo, a Bolsonaro restará apenas o populismo barato

A decisão de desalojar Ramos da Casa Civil foi justificada pela falta de tato político do general para lidar com o Congresso Nacional e os parlamentares. Essa justificativa não convence, já que a articulação política poderia ficar na Secretaria-Geral, sob o comando de Ciro Nogueira.

Há na órbita do governo Bolsonaro uma inequívoca queda de braços entre os militares e os caciques do Centrão, algo que ambos os lados negam diante de câmeras e microfones. A voracidade com que o Centrão avança sobre a máquina governamental é conhecida de todos e o resultado dessa investida não será dos melhores. Sem escrúpulos ao cobrar a contrapartida do governo, o informal bloco parlamentar não se contentará com o que conseguiu até o momento.

Esse cenário que mescla tensão política e incertezas obriga o governo a enfrentar um processo de corrosão dos discursos passados que exalavam uma falsa moralidade. Chamado por Ciro de “fascista”, Bolsonaro disse durante a campanha presidencial de 2018 que o Centrão era o que havia de pior na política brasileira. Naquele ano, em convenção do PSL, o general da reserva Augusto Heleno, chefe do GSI, cantarolou “se gritar pega Centrão, não fica um meu irmão”, sugerindo que os centristas são criminosos com mandato.

Também naquele ano, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o filho “03” do presidente, disse em evento político: “Eu queria tirar fotos dos rostos de cada um dos Srs. aqui. Pra saber, se em 2019, quando o couro comer pra valer, se vocês vão se deixar seduzir por discurso do Centrão ou se vão se manter firme e forte Bolsonaro”.

Passados 21 meses do início do atual governo, período dominado pela inoperância e pelo populismo barato, Bolsonaro não se faz de rogado e coloca os protagonistas do Petrolão no Palácio do Planalto. Augusto Heleno, que em audiência no Congresso se desdisse a respeito do Centrão, terá de abandonar momentaneamente sua porção cantor de churrascaria. Eduardo Bolsonaro, o valentão do clã e quase embaixador, mostra que sua especialidade (sic) é fritar hambúrguer no frio do Maine (EUA). Mesmo assim, há quem garanta que esse é o melhor governo de todos os tempos.

Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.