Depois da Casa Civil e dos anunciados R$ 4 bilhões do fundo eleitoral, Centrão quer controlar o Orçamento

 
Como tem noticiado o UCHO.INFO ao longo dos últimos anos, a voracidade com que o chamado Centrão avança sobre o dinheiro público não tem limites. A chegada de Ciro Nogueira, um dos líderes do informal bloco parlamentar, ao comando da Casa Civil faz com que esse apetite fique ainda mais evidente e maior.

A exemplo do que destacamos em matéria anterior, o Centrão, em nome de apoio quase incondicional ao governo no Congresso, não se deu por satisfeito com a Casa Civil e cobra a recriação do Ministério do Planejamento. Caso essa exigência seja atendida pelo presidente Jair Bolsonaro, o ainda ministro Paulo Guedes verá sua pasta ser mais uma vez esvaziada. Afinal, a recriação do Ministério do Trabalho, para acomodar Onyx Lorenzoni, já foi um duro golpe.

Usado por Bolsonaro como isca para conquistar a simpatia do mercado financeiro na corrida presidencial de 2018, Guedes acreditou que o então candidato honraria a palavra dada até o final do mandato. Sem conhecer a fundo Jair Bolsonaro, o ministro da Economia percebeu com o avanço do calendário que o anunciado liberalismo econômico do presidente não passava de engodo.

Jair Bolsonaro demonstrou nos últimos 21 meses não ter projeto de governo, algo que o amadorismo palaciano não deixa dúvidas a respeito, mas um plano canhestro para beneficiar a si mesmo e à própria família.

Para levar adiante esse comportamento típico de candidatos a tiranete, Bolsonaro está disposto a tudo, começando pela desidratação acelerada da ala ideológica do governo e o tratamento nada leal dispensado aos militares que apostaram todas as fichas no governo.

 
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A investida seguinte se materializou com a entrega da alma do governo ao Centrão. Em suma, Bolsonaro será de agora em diante apenas animador da esmaecida plateia que ocupa diariamente o “cercadinho” do Palácio da Alvorada.

Conter o ímpeto do Centrão não é tarefa simples e custa extremamente caro. Caso queira chegar ao final do mandato sem qualquer intercorrência, Bolsonaro terá de ficar de joelhos diante do fundo eleitoral, o chamado “fundão”, cujos recursos para o pleito de 2022 foram estipulados em R$ 5,7 bilhões na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

De chofre, o presidente da República afirmou que vetaria o fundo eleitoral previsto na LDO “em respeito ao trabalhador e ao contribuinte”, mas o discurso foi mudando com o passar dos dias. Pressionado nos bastidores e temendo que um pedido de impeachment inicie sua marcha na Câmara dos Deputados, Bolsonaro agora fala em vetar apenas o “excesso”. Para tal alega que o “fundão” consta em lei.

O valor do “fundão”, na verdade, foi negociado entre o Palácio do Planalto e o Congresso, sendo que até mesmo os aliados ideológicos de Bolsonaro – filhos inclusos – votaram a favor do escárnio. Em outras palavras, a indignação de Bolsonaro é mais uma farsa.

Diante da impossibilidade política de vetar o “fundão”, Bolsonaro acena com recursos na ordem de R$ 4 bilhões, o dobro do valor destinado Às eleições municipais de 2020. Se o salário mínimo é reajustado com base na inflação oficial, não há razão aumentar em 100% o montante destinado ao fundo eleitoral.

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