Após recuperação que durou quase seis anos, Museu da Língua Portuguesa reabre em São Paulo

 
O Museu da Língua Portuguesa foi reaberto neste sábado (31) em São Paulo, após ter sido danificado em 2015 por um incêndio de grandes dimensões, que danificou o edifício. Um dos principais locais dedicados à lusofonia, ele teve dois de seus andares destruídos e estava fechado para recuperação desde então. Seu acervo virtual pôde ser recuperado através de backups.

A exposição temporária “Língua solta” marca a reabertura ao público. “A mostra revela a língua portuguesa em seus amplos e diversos desdobramentos na arte e no quotidiano, por meio de um conjunto de artefatos que ancoram seus significados no uso das palavras, como objetos da arte popular e da arte contemporânea, apresentados de maneira diversificada”, ressalta comunicado da Secretaria de Cultura de São Paulo.

Ao todo, 180 peças compõem a exposição, que tem curadoria de Fabiana Moraes e de Moacir dos Anjos e ficará em cartaz até 3 de outubro de 2021, no primeiro andar do local, também conhecido como Estação Luz da Nossa Língua.

“A língua é solta porque perturba os consensos que ancoram as relações de sociabilidade dominantes, tanto na vida privada quanto na pública”, frisa Moacir dos Anjos. “Incorporada em imagens e objetos diversos, ela sugere outros entendimentos possíveis do mundo. E tece, assim, uma política que é sua.”

Os presidentes de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, participaram das cerimônias oficiais, ao lado dos ex-presidentes brasileiros Fernando Henrique Cardos e Michel Temer, de Jomo Fortunato, ministro da Cultura, Turismo e Ambiente de Angola, de embaixadores de Moçambique e do Timor Leste no Brasil e outras autoridades.

Embora esteja em Presidente Prudente, no interior paulista, onde participou de uma “motociata” e novamente atacou o sistema eleitoral brasileiro, o presidente Jair Bolsonaro não participou da cerimônia.

O Museu da Língua Portuguesa recebeu de Portugal a medalha da ordem de Camões, destinada a pessoas e instituições notáveis. “Aqui viemos para não esquecer as cinzas do passado, mas a partir delas construir hoje o futuro”, disse o presidente português.

Rebelo de Sousa ressaltou estar em “uma metrópole de tantas línguas, mas a maior das maiores a falar português, que se chama São Paulo”. “Esta é uma celebração do futuro, o futuro da nossa língua no mundo”, completou.

 
O presidente de Cabo Verde lembrou que o idioma é falado em todo o mundo. “Uma comunidade de povos, cidadãos, que partilham valores comuns, como fraternidade, liberdade, democracia e construção do Estado de direito, com base num pilar fundamental, que a língua portuguesa, de nós todos.”

O governador de São Paulo, João Dória Júnior (PSDB), destacou que o museu reabre modernizado. “O povo que respeita sua língua respeita sua memória”, disse. A reinauguração ocorre apenas dois dias após o incêndio que atingiu parte do acervo da Cinemateca Brasileira, também em São Paulo.

Em coletiva de imprensa, o governador paulista afirmou que convidou Bolsonaro para a celebração. “Infelizmente, ele preferiu passear de motocicleta em Presidente Prudente. Cada um faz a sua opção.”

Questionado pelos jornalistas sobre a ausência de Bolsonaro, o presidente de Portugal disse que apenas poderia responder pelo seu país. Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou: “Se diz no Minho, que é uma região portuguesa: ‘dança quem está na roda’. Quem está na roda dança. Eu estou nesta roda. Eu estou feliz por estar nesta roda, e por estar nesta dança, porque é uma dança que pensa no futuro, no futuro da língua portuguesa, no futuro de 260 milhões de pessoas. Isso, para mim, é o mais importante.”

A palavra em imagens e sons

Inaugurado em 2006, na histórica Estação da Luz da capital paulista, o Museu da Língua Portuguesa foi uma das primeiras instituições do mundo totalmente dedicadas a um idioma. Ele promove um mergulho na história e diversidade do idioma através de experiências interativas, conteúdo audiovisual e ambientes imersivos.

Em sua nova exposição permanente, que ocupa o segundo e terceiro andares, ele apresentará experiências inéditas, como “Falares, com os diferentes sotaques e expressões do Brasil, e “Nós da Língua Portuguesa”, abordando a diversidade cultural da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Serão mantidas as principais experiências que marcaram seus quase dez anos de existência, como a “Praça da Língua”, espécie de “planetário do idioma”, que homenageia a língua portuguesa escrita, falada e cantada, em espetáculo de som e luz.

A companhia elétrica EDP Brasil foi a principal patrocinadora da reconstrução da instituição dedicada à lusofonia, aliada à Globo, Itaú Unibanco e Sabesp, e com apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e do governo federal, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. O IDBrasil Cultura, Educação e Esporte é a organização social responsável pela gestão do Museu da Língua Portuguesa. (Com agências de notícias)

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