Alison Brendom dos Santos, o Piu, 21 anos, entrou no Estádio Olímpico de Tóquio esbanjando descontração, sem perder o foco na final dos 400m com barreiras. Apontado como um dos melhores corredores do planeta, Alison apontou para o céu e pediu proteção.
A receita deu certo e o brasileiro conquistou a medalha de bronze, com 46s72, debaixo de um calor de 31º e sensação térmica de 38º. Após a prova, o corredor, esperança do atletismo brasileiro em relação ao pódio olímpico, ajoelhou-se e agradeceu pela conquista.
Primeiro brasileiro a correr os 400m com barreiras abaixo dos 48 segundos, Alison quebrou o recorde sul-americano cinco vezes nesta temporada, antes da final olímpica. A última havia sido na semifinal em Tóquio, com 47s31. E Piu se superou na decisão.
Foi a primeira medalha brasileira no atletismo na Olimpíada de Tóquio e a 18ª da modalidade em todos os tempos – a primeira veio há 69 anos, com o ouro do lendário Adhemar Ferreira da Silva no salto triplo em Helsinque 1952. Em 1988, nos Jogos Olímpicos de Seul, Robson Caetano conquistou o bronze nos 200m.
O norueguês Karsten Warholm ficou com a medalha de ouro e bateu o recorde mundial da prova (que já era dele), com 45s94. Rai Benjamin, dos Estados Unidos, ficou com a prata (46s17).
Nascido em São Joaquim da Barra, interior de São Paulo, Alison dos Santos chama a atenção à primeira vista por causa de grande cicatriz na cabeça e outras menores no peito e no braço esquerdo, resultado de acidente doméstico com uma panela de óleo quente aos 10 meses de idade.
As cicatrizes fizeram de Piu, no primeiro momento, um menino tímido, a ponto de recusar o primeiro convite para conhecer o projeto social de atletismo da sua cidade natal. “Ele era muito tímido, tinha vergonha de ir sozinho”, lembra Ana Fidélis, primeira treinadora de Alison.
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