Anvisa ignorou isonomia imposta pela Constituição ao recomendar quarentena à comitiva de Bolsonaro

 
Presidente da República, o golpista Jair Bolsonaro insiste em afirmar que “joga dentro das quatro linhas da Constituição”, como se isso fosse a suprema verdade. Essa declaração perdeu força depois da fracassada tentativa de golpe no último dia 7 de setembro, abrindo caminho para o retorno do negacionismo em relação à pandemia de Covid-19.

Prega a Constituição Federal em seu artigo 5º (caput) que “todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza”. Contudo, Bolsonaro, que como absolutista acredita ser um enviado de Deus, ignora o principal mandamento da Carta Magna.

Contrariando o princípio da isonomia, basilar em qualquer democracia séria, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou quarentena de cinco dias ao presidente da República e a todos os integrantes da comitiva oficial que foi a Nova York protagonizar um fiasco que envergonhou a maioria dos brasileiros.

Recomendar isolamento de cinco dias para pessoas que tiveram contato com infectados pelo novo coronavírus – é o caso do ministro Marcelo Queiroga (Saúde), do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães – é no mínimo demonstração de irresponsabilidade por parte da Anvisa.

 
Em 5 de setembro passado, fiscais da Anisa adentraram o gramado da Neo Química Arena, em São Paulo, e interromperam a partida entre as seleções brasileira e argentina, válida pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2022, no Qatar. Os agentes da agência estavam em busca de quatro jogadores argentinos que, de acordo com as autoridades sanitárias, descumpriram as regras de quarentena.

Os jogadores alvos da Anvisa eram o goleiro Emiliano Martínez, o zagueiro Cristian Romero e os meias Emiliano Buendía e Giovani Lo Celso, que atuam no futebol inglês e, após terem defendido as respectivas equipes, se juntaram à seleção argentina.

Dias mais tarde, em 11 de setembro, a Anvisa divulgou comunicado informando que o meia-atacante Willian, do Corinthians, estava impossibilitado de jogar contra o Atlético-GO, pela 20ª rodada do Campeonato Brasileiro. William, de acordo com a Anvisa, ao desembarcar no Brasil assinou documento em que se comprometeu a cumprir quarentena já que veio do Reino Unido.

Enquanto o atleta corintiano foi obrigado a cumprir quarentena de 14 dias e os citados jogadores argentinos não puderam atuar, integrantes da pífia comitiva de Bolsonaro foram contemplados com isolamento de cinco dias. A quarentena de cinco dias sugerida pela Anvisa à comitiva presidencial parece ter fracassado, já que o deputado Eduardo Bolsonaro transmitiu o novo coronavírus à mulher e à filha.

Como escreveu o britânico George Orwell no romance “A Revolução dos Bichos” (ou “Triunfo dos Porcos”), “todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros”.

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