Se por um lado pesquisas eleitorais são um “retrato do momento”, por outro qualquer eleição é decidida nas urnas. Entre o que um entrevistado responde ao pesquisador e o que fará diante da urna há um vasto campo de dúvida. Isso não significa que pesquisas eleitorais devam ser desconsideradas, pelo contrário.
Ignorando os índices de rejeição junto ao eleitorado e dentro do próprio partido, o governador João Dória Júnior, de São Paulo, insiste em disputar nas prévias do PSDB o direito de ser candidato à Presidência da República.
Muito tem se falado sobre um candidato da chamada “terceira via”, que até o momento não surgiu no horizonte, mas Dória está longe de ser o sonho de consumo dos eleitores. Nas prévias do PSDB, marcadas para novembro próximo, Dória terá como adversário o governador Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, que desde já conta com o apoio de tucanos históricos e de fina plumagem.
Ex-governador de São Paulo e candidato ao Palácio dos Bandeirantes na eleição do próximo ano, Geraldo Alckmin deve deixar o PSDB em dezembro, após a escolha do presidenciável da legenda.
Alckmin decidiu postergar sua saída para apoiar Eduardo Leite, ciente de que ao mudar de partido a deserção no tucanato poderia favorecer o atual governador paulista, que o traiu após conquistar a Prefeitura de São Paulo, em 2016. Na ocasião, o UCHO.INFO alertou Alckmin sobre uma possível traição.
Senador pelo PSDB do Ceará, Tasso Jereissati desistiu de participar das prévias para também apoiar o governador gaúcho, que nos bastidores do partido tem cabalado votos a seu favor. Eduardo Leite não é um nome conhecido nacionalmente, o que pesa em termos eleitorais, mas enfrenta rejeição menor do que Dória.
João Dória, por sua vez, parece ter errado o cálculo político ao renunciar à reeleição em nome de uma candidatura ao Palácio do Planalto, que tem muitos ingredientes para não vingar. Na tentativa de isolar Alckmin dentro do partido, o governador trabalhou para viabilizar a filiação de Rodrigo Garcia, atual vice-governador de São Paulo e candidato ao principal gabinete do Palácio dos Bandeirantes.
Geraldo Alckmin deve filiar-se ao PSD, de Gilberto Kassab, e concorrer ao governo paulista com concreta chance de vitória. A se confirmar esse cenário, João Dória será ejetado da cena política por alguns anos.
Como se sabe, em períodos eleitorais os “fantasmas” que acompanham os políticos costumam voltar à baila pelas mãos dos adversários. E Dória que se prepare, pois o escândalo de corrupção envolvendo o processo licitatório da Parceria Público-Privada da Iluminação na cidade de São Paulo certamente virá à tona.
O imbróglio, marcado por denúncias de pagamento de propina, acabou na Justiça. Em julho passado, o ministro Gurgel de Faria, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), relator da matéria na Corte, determinou que a licitação da PPP fosse retomada na fase de habilitação dos interessados, penúltima etapa do processo definitivo de escolha do consórcio responsável pela iluminação da maior cidade brasileira. Prevalecendo a decisão do magistrado e se o edital for seguido à risca, caberá ao Consórcio Walks assumir o contrato de R$ 6 bilhões pelos próximos 17 anos.
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