Com reação do mercado e ameaças de demissão na Economia, governo adia anúncio do Auxílio Brasil

 
Como afirmou o UCHO.INFO em matéria anterior, a decisão do presidente Jair Bolsonaro de fixar em R$ 400 o valor do benefício do Auxílio Brasil, sucessor do programa Bolsa Família, é meramente eleitoral e ultrapassa o teto de gastos em R$ 32 bilhões.

A investida palaciana que visa melhorar a aprovação do presidente da República com vistas às eleições de 2022 encontra forte resistência da equipe econômica, ainda comandada pelo ministro Paulo Guedes, o que fez com que o anúncio do novo programa, agendado para esta terça-feira (19), fosse adiado.

Após tensa reunião no Palácio do Planalto, na noite de segunda-feira (18), Guedes informou a integrantes da equipe econômica sobre a decisão da ala política do Palácio do Planalto, que insistiu na fixação do benefício em R$ 400. Ao menos dois secretários do Ministério da Economia – Bruno Funchal (secretário especial da Fazenda) e Jeferson Bittencourt (secretário do Tesouro Nacional) – ameaçaram pedir demissão caso prevalecesse a proposta palaciana.

Diante da possibilidade de toda a equipe econômica cair, o recuo do governo foi inevitável. Isso agitou o mercado financeiro, fazendo com que o dólar comercial encerrasse o dia com alta de 1,33%, cotado a R$ 5,59. No contraponto, a Bovespa registrou queda de 3,28%.

 
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Guedes, que desde a posse no ministério ainda não mostrou a que veio, viu sua situação piorar no governo a partir da divulgação de que é detentor de uma offshore no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas (BVI, na sigla em inglês).

O Centrão, bloco parlamentar informal que faz refém o presidente da República, condiciona a manutenção do apoio no Congresso em 2022 à saída de Paulo Guedes. Entre os próceres do Centrão que cobram Bolsonaro estão os ministros Ciro Nogueira (Casa Civil), Flávia Arruda (Secretaria de Governo), Onyx Lorenzoni (Trabalho) e João Roma (Cidadania).

O mercado financeiro trabalhava com o Auxílio Brasil fixado em R$ 300, valor que se encaixava no teto de gastos, mas a necessidade político-eleitoral de Jair Bolsonaro mudou o cenário. O benefício poderia chegar a um valor acima dos R$ 300, desde que o governo cortasse despesas, algo impossível diante da volúpia do Centrão por cargos e verbas.

O valor do Auxílio Brasil proposto pela ala política do governo é uma faca de dois gumes, pois de um lado beneficia as camadas mais vulneráveis da população, por outro afugenta investidores (nacionais e internacionais) por causa do déficit fiscal. Na ponta isso acaba prejudicando a sociedade como um todo, principalmente os vulneráveis. Ou seja, o governo quer dar com uma mão e tirar com a outra.

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