Discurso sobre privatização da Petrobras é a última desculpa de Bolsonaro para os preços dos combustíveis

 
Desde sua chegada ao Palácio do Planalto, em janeiro de 2019, o presidente Jair Bolsonaro tem se dedicado exclusivamente a criar polêmicas, disseminar notícias falsas e terceirizar a responsabilidade pelos seguidos equívocos de um governo pífio e populista. Foi assim no caso das vacinas contra a Covid-19, está sendo em relação ao elevado preço dos combustíveis.

Sem ter como cumprir as promessas absurdas de campanha e desprovido de condições para levar ao campo da efetividade as insanas declarações que faz, ultimamente no campo econômico, Bolsonaro agora aciona o disco sobre a privatização da Petrobras, processo muito difícil e sem chances de acontecer até o final de 2022.

Ciente de que uma eventual paralisação dos caminhoneiros, agendada para 1º de novembro, impulsionará as dificuldades que marcam seu projeto de reeleição, o presidente da República tenta distrair a opinião pública com novo embuste discursivo, enquanto tenta dissuadir os transportadores autônomos de todo o País em relação à anunciada greve.

Sem ter sucesso na estratégia de transferir aos governadores a culpa pela alta no preço dos combustíveis, já que a política da Petrobras acompanha os parâmetros do mercado internacional de petróleo, o presidente não tem grandeza política suficiente para reconhecer que a política econômica do seu governo é um fracasso. E se assim o fizesse, o plano para conquistar um novo mandato iria pelos ares antes da hora.

 
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Uma eventual privatização da Petrobras não mudará os preços dos combustíveis caso a política econômica do governo continuar como está. O vilão no terreno dos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha é a desvalorização do real frente ao dólar, não o ICMS cobrado pelos estados, que em termos de índices percentuais continua igual.

Por meio do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), Bolsonaro tentou emplacar uma mudança nas regras do ICMS incidente sobre os combustíveis, mas por enquanto a manobra não produziu os efeitos esperados pelos palacianos.

Ato contínuo, o presidente da República pressionou a Petrobras para criar um subsídio aos mais vulneráveis no tocante ao gás de cozinha – o botijão de 13 quilos é comercializado por mais de R$ 100 –, mas enquanto essa investida não se materializa, a popularidade de Bolsonaro continua a derreter.

Em outro vértice da crise econômica, Bolsonaro anunciou, na última semana, a criação do “vale diesel”, benefício no valor de R$ 400 mensais a ser pago até o final de 2022, sem que até o momento a fonte de financiamento tenha sido especificada. Os transportadores não viram com bons olhos o anúncio e chegaram a agradecer pela “piada” do presidente da República.

Diante de uma economia que cambaleia à beira do precipício e gera desconfianças cada vez mais, o discurso sobre uma eventual privatização da Petrobras é a última desculpa à disposição de Bolsonaro para ludibriar o a população. Considerando que o cronômetro para as eleições do próximo ano já foi acionado e o presidente, para escapar dos problemas que surgirão mais adiante, só poderá contar com a vitimização. E nesse quesito Bolsonaro é especialista.

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