Integrantes da CPI da Covid que foram ao gabinete do procurador-geral da República, Augusto Aras, na quarta-feira (27), para entregar o relatório final sobre as investigações no âmbito da pandemia deixaram o local otimistas com a postura do chefe do Ministério Público Federal (MPF). Isso porque Aras mostrou-se solicito e prometeu analisar o documento e tomar providências.
Entre os parlamentares que foram à PGR, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) foi a que mais se surpreendeu com a postura de Aras. “A resposta do procurador foi muito firme”, disse Simone. O PGR solicitou aos senadores um “fatiamento” dos indiciados, destacando quem tem foro privilegiado. “Inclusive, aqueles que embora não sejam autoridades, pelo crime conexo, também serão de competência de análise da PGR. Isso me impressionou nesse sentido”, afirmou a senadora.
“Ele [Aras] tem esse prazo de 30 dias, e nós estaremos acompanhando através do observatório [Observatório da pandemia, criado após o fim da CPI]. Mas, diferentemente de outros posicionamentos do procurador, eu vi, por parte dele, uma firmeza de propósito, a ponto de ele afirmar: ‘Olha, eu tenho consciência que eu represento aqui todo um órgão de fiscalização de controle, que é o Ministério Público’. Ele quis dizer que ele sabe a responsabilidade que tem”, destacou a senadora.
O comportamento de Augusto Aras é mera cortina de fumaça, pois assessores do gabinete do PGR já se manifestaram sobre o relatório da CPI, alegando que há abundância de provas e conclusões temerárias.
Considerando que o relatório da CPI da Covid foi entregue a Augusto Aras na manhã quarta-feira, qualquer avaliação horas depois é tão precipitada quanto duvidosa. Mesmo assim, esse posicionamento açodado mostra que o trabalho dos senadores corre o sério risco de ficar para as calendas.
O máximo que Augusto Aras poderá fazer, para dar a impressão de que está agindo, é abrir algum procedimento no âmbito da PGR em relação ao presidente Jair Bolsonaro, acusado de cometer nove crimes, esticando o trabalho até o final do mandato do atual chefe do Executivo.
É importante destacar que Aras não desistiu de conquistar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF) e continua acalentando seu sonho com o calvário de André Mendonça, indicado por Bolsonaro à Corte e que está enfrentando a rejeição de muitos senadores. Em suma, Aras mandou um recado ao Palácio do Planalto ao mostrar-se “firme” diante dos senadores do chamado “G7”.
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