Orçamento secreto: Mourão diz que decisão do STF foi “oportuna” e defende publicidade nos gastos públicos

 
Vice-presidente da República e general da reserva, Hamilton Mourão é “cristão novo” na política, mas não demorou para perceber que a sobrevivência nesse universo passa pela tese “uma no cravo, outra na ferradura”.

Há muito em rota de colisão com o presidente Jair Bolsonaro, que insiste em deixá-lo de fora de muitos eventos oficiais, Mourão não perdeu a oportunidade nesta quarta-feira (10) e defendeu a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender o pagamento das emendas do “orçamento secreto”, utilizado pelo governo para a compra de apoio no Congresso Nacional. Mourão disse que a “intervenção do STF foi oportuna”.

Questionado pelos jornalistas sobre a decisão da Corte, Mourão respondeu: “Acho que os princípios da administração pública, de legalidade, de impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência não estavam sendo respeitados, não é, nessa forma aí de execução orçamentária. Então, eu acho que a intervenção do STF foi oportuna.”

A avaliação de Mourão difere da opinião do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para quem houve interferência do Judiciário no Legislativo.

“Eu avalio a decisão da ministra Rosa Weber como uma interferência indevida em questões internas do Congresso Nacional. […] Vamos buscar uma solução. Estou atuando como bombeiro nesta questão”, afirmou Lira, que já analisa a possibilidade de recorrer a um Projeto de Decreto Legislativo.

 
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“Máximo de publicidade”

Na entrevista concedida nesta quarta-feira, Hamilton Mourão disse ser necessário dar o “máximo de publicidade” à destinação do dinheiro público.

“Acho que você tem que dar o máximo de publicidade. É princípio da administração pública, conjugado com a eficiência. Eu não posso mandar um recurso para um lugar ‘X’ que eu não sei como é que vai ser gasto. Vamos lembrar que, se o dinheiro fosse meu, eu posso até rasgar, mas o dinheiro não é meu. O dinheiro pertence a cada um de nós que paga imposto e contribuiu para que o governo possa se sustentar”, afirmou o vice-presidente.

A declaração de Mourão sobre a decisão do STF contraria o entendimento do presidente Jair Bolsonaro sobre o tema. Na última segunda-feira (8), Bolsonaro afirmou em entrevista que os argumentos da ministra Rosa Weber “não são justos”.

“Os argumentos usados pela relatora no Supremo não são justos. Dizer que nós estamos barganhando. Como é que eu poço barganhar se quem é o dono da caneta é o relator, é o parlamentar? E não é secreto porque está em Diário Oficial da União”, destacou o chefe do Executivo.

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