Confusão geral, teu nome é Brasil

(*) Marli Gonçalves

Os Trapalhões, os mais reais que poderiam existir, estão entre nós. Pior, no governo, mandando e desmandando. Nos deixando lelés. Duvido que você já tenha visto tanta confusão junta, ao mesmo tempo, em todas as direções. Tantas mentiras, literais trapalhadas, falta de rumos, interferências indevidas, prejuízos gerais.

Na geral dá aquela esquisita sensação que tudo quanto é desgraça, notícia ruim, acontecimentos estranhos têm a ver com essa situação geral. Gente, até tubarões aparecendo no litoral. Pernambuco? Não! Em São Paulo. E machucando gente no rasinho. Chuva de poeira. Florestas sendo destruídas. Populações dizimadas, fome, miséria, números bons caindo; números ruins crescendo. Muita coisa está fora da ordem. Inclusive nossas cabeças vivendo tudo isso.

“Os Trapalhões” estão entre nós. Os Trapalhões metem o nariz onde não são chamados. Onde são chamados, inclusive nas urgências, não aparecem nem para dar explicações – já que não as têm, óbvio. Está alucinante a absurda forma com que esse governo federal vem tratando todos os temas, e a loucura acaba se espalhando por todo o território, nos levando a um tempo cada dia mais terrível, vergonhoso, inacreditável. Violento.

Um fala, o outro nega; um decreta como se fosse a Casa da Mãe Joana, sem consultar quem de direito que reclama e fica no ar. Todos os dias revelações de malfeitos ou de desleixos, mas são tantos e tão numerosos que nos dias seguintes acabam soterrados por outras de fatos ainda mais absurdos, o que impede a resolução daqueles lá atrás. E assim vamos indo, e num ensurdecedor silêncio e desorganização social. O Trapalhão-mor vocifera bobagens por onde anda, seja no Oriente ou Ocidente.

Senão, vejamos, só essa semana: vacinação e Enem.

Vacinação: porque que acaba aparecendo uma boa pulga atrás de nossas orelhas? Alguém está ganhando com isso? Sabe aquele governo negacionista que atrasou a compra de todas as vacinas e que só depois de muita pressão mexeu a bundinha e agora quer, como diria o Gil do Vigor, se regozijar em cima disso como se tivessem virado os mais competentes do mundo? Pois bem, a vacina de uma dose só que parecia perfeita já não é mais – tem de tomar mais uma e da outra. A outra também precisa de mais uma. E a primeira, do Butantan, que foi a pioneira e que tanto ajudou, fica esquecida porque o cara lá não gosta do cara daqui. Aquela que teria tecnologia fornecida para ser produzida aqui, cantada e divulgada em verso e prosa pela Fiocruz, necas de pitibiriba.

A Anvisa reclama que não vem sendo consultada. Os prazos são mudados de acordo com o humor de alguém no Ministério da Saúde. Uma hora, depois de seis meses, outra, depois de cinco meses, para o reforço; segunda dose já foi de três meses, agora já nem sei mais, qual de qual, quando. Os governos estaduais e municipais acabam correndo atrás para atender, muitas vezes sem nem ter as doses das vacinas nos seus postos. Casa da Mãe Joana é pouco.

Fora isso, cadê o plano de 2022? Onde estão os contratos? Vamos ter um novo plano de vacinação ou será novamente a loucura que já vivemos? Vai comprar de quem? Já tem contrato? Já estão reservadas? Estão vendo, acaso, que o mundo inteiro está em pânico? Conseguem acompanhar o perigo do relaxamento geral? Vamos fazer um samba para o Carnaval? Olê, olê, olê, olá! Dingobel, olha o Natal. Isso vai longe ainda.

Enem: 37 servidores pedem demissão e afirmam que as provas estão sendo manipuladas. Repito, 37, trinta e sete. O tal ministro pastor de risinho sarcástico que comanda a pasta da Educação, servil, apoia o que o ser vil falou de agora o exame estar com a cara do Governo. Deus nos livre! O nome disso é claro: Censura. Interferência. Desmonte de tudo o que funcionava de alguma forma. Até no Censo estão querendo meter o bedelho nos questionários.

Bate-cabeça. Com tudo isso, quem consegue deitar o cabelo em paz? Me digam. Quem?

(*) Marli Gonçalves – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Site Chumbo Gordo, autora de “Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também”, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.

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