Complica-se com o passar dos dias a situação do deputado federal Josimar Maranhãozinho (PL-MA), que exerce influência política em algumas dezenas de prefeituras maranhenses e foi flagrado pela Polícia Federal com uma caixa de dinheiro em espécie.
No vídeo gravado pela PF no escritório político do parlamentar em São Luís, Josimar afirma que Valdemar cumpriu acordo e deu R$ 9 milhões durante as eleições municipais de 2020. De acordo com os investigadores, “Valdemar” seria Valdemar Costa Neto, o “Boy”, presidente nacional do PL, partido que recentemente filiou Jair Bolsonaro, que na campanha presidencial de 2018 disse que acabaria com o “toma lá, dá cá”.
Autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a ação da PF tem por objetivo apurar se Josimar Maranhãozinho desviou verbas de emendas parlamentares. Em uma das gravações, realizada em 27 de outubro de 2020, uma pessoa não identificada questionou o parlamentar sobre o assunto. Um funcionário do escritório do investigado diz que a caixa com dinheiro “secou”.
Procurado pelo jornal “O Globo”, Josimar não explicou a origem dos R$ 9 milhões que afirmou ter recebido de “Valdemar”, assim como não negou ter feito referência ao presidente do PL. Por meio de nota enviada por sua defesa, o parlamentar alegou que “os vídeos foram criminosamente vazados, sendo que, neste caso, foram pinçados trechos para distorcer a verdade dos fatos” e afirmou que se “colocou à disposição dos órgãos investigativos”.
Por outro lado, Valdemar Costa Neto afirmou que os recursos (R$ 9 milhões) foram destinados a Josimar porque ele comanda o partido no Maranhão e é o responsável por distribuir recursos do fundo eleitoral aos prefeitos do estado.
O presidente nacional do PL encaminhou ao jornal “O Globo” planilha que relaciona as transferências do partido às campanhas dos candidatos do Maranhão em 2020. O documento aponta repasses que totalizam R$ 13,5 milhões do fundo partidário. No entanto, de acordo com o que demonstra o arquivo, apenas R$ 4,9 milhões haviam sido transferidos até 27 de outubro de 2020, quando Maranhãozinho foi flagrado pela PF dizendo que teria recebido R$ 9 milhões do Costa Neto.
No Maranhão, nas conversas informais sobre política, especula-se sobre a relação próxima e nada republicana entre Josimar e Valdemar Costa Neto, preso e condenado no escândalo do Mensalão do PT. É importante ressaltar que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do presidente da República, disse há dias que a condenação de Costa Neto é “cicatriz”.
Considerando que Jair Bolsonaro prometeu combater a corrupção, sua filiação ao PL foi uma ode ao deboche. Estivesse de fato disposto a decretar o fim do que chamou de “velha política”, Bolsonaro deveria deixar o PL.
Crime eleitoral
A Procuradoria Regional Eleitoral no Maranhão decidiu abrir investigação apurar se Josimar Maranhãozinho teria feito propaganda eleitoral antecipada durante evento em Itapecuru-Mirim (MA), em 7 de novembro.
De acordo com a denúncia, no evento foram usados símbolos, frases e jingle referentes à candidatura do parlamentar do PL ao governo estadual em 2022. Para o Ministério Público, tratou-se de ato “típico de campanha”, no qual Maranhãozinho “teria feito pedido explícito de voto”.
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