Bolsonaro pode usar cerimônia de posse de André Mendonça no STF para ressuscitar crise institucional

 
Jair Bolsonaro voltou a direcionar sua verborragia para o Supremo Tribunal Federal (STF), que nos últimos dias decidiu contra os interesses populistas do presidente da República: a abertura de inquérito para apurar declarações do chefe do Executivo, que associou à Aids a vacinação contra Covid-19, e a obrigatoriedade de apresentação de “passaporte vacinal” por passageiros que chegarem ao País.

A retomada do discurso ácido e provocador é a forma que Bolsonaro sempre busca para agradar a parcela mais radical dos seus apoiadores, que chafurdam no cocho do negacionismo.

Marcada para a próxima quarta-feira (15), a posse de André Mendonça, o “terrivelmente evangélico”, como ministro do STF poderá ser utilizada pelo presidente da República para criar um incidente, já que a Corte exige comprovante de vacinação ou teste RT-PCR negativo aos que desejam participar de atividades do Judiciário.

Considerando que Bolsonaro se recusa a tomar vacina contra o novo coronavírus e é contra a exigência do “passaporte vacinal”, a expectativa é que o presidente transforme a posse de Mendonça em um espetáculo pífio, recorrendo mais uma vez ao vitimismo, algo comum desde o início do atual governo.

 
Os ministros do STF temem que Bolsonaro tente revidar as decisões acima citadas e acabe desmoralizando os magistrados, que nos redutos bolsonaristas são alvo de críticas e ofensas das mais variadas e chulas. Em suma, o presidente da República tentaria participar da posse de Mendonça, forçando uma situação para ser barrado. Isso proporcionaria munição para sua artilharia discursiva contra o Supremo.

Até o momento, Jair Bolsonaro não confirmou presença na cerimônia – ao todo são 50 convidados –, mas nos últimos dias tem sido aconselhado por assessores palacianos a participar do evento de forma virtual ou, então, fazer um teste RT-PCR.

Se na política inexistem coincidência, muito menos acaso, Jair Bolsonaro não perderá a oportunidade de resgatar a crise institucional para dar impulso ao seu projeto de reeleição. Até porque, muitos de seus eleitores, os não radicais, já perceberam o enorme erro cometido na corrida presidencial de 2018.

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