Brasileiro que identificou a variante ômicron do coronavírus é destaque da revista “Nature”

 
O bioinformata brasileiro Tulio de Oliveira, que junto com sua equipe identificou a variante ômicron do coronavírus, está na lista da renomada revista científica Nature das 10 personalidades que fizeram a diferença em 2021, ano marcado pelo combate ao coronavírus e à crise climática.

A lista divulgada na quarta-feira (15) pela Nature foi elaborada por editores da revista e destaca, entre outros feitos, a descoberta de Oliveira e sua equipe da Plataforma de Pesquisa e Inovação em Sequenciamento KwaZulu-Natal (Krisp, na sigla em inglês).

A publicação reforça que a rápida identificação de variantes pode ser a chave para controlar uma pandemia cujo fim depende, em parte, de vacinas eficazes e distribuídas de forma justa para todos os países.

Pelo Twitter, Oliveira se disse “surpreso” e destacou o empenho de centenas de cientistas brasileiros e africanos.

Em 25 de novembro, Oliveira anunciou a descoberta de uma nova variante do SARS-CoV-2, batizada de ômicron, detectada em amostras de Botswana, África do Sul e Hong Kong.

Variante beta

No ano passado, Oliveira e a equipe da Krisp já haviam identificado outra variante, que ficaria posteriormente conhecida como beta, e que levou governos estrangeiros a restringir as viagens de e para a África do Sul.

Ambas as variantes foram detectadas depois que médicos e funcionários de laboratório sinalizaram aumentos inesperados de infecções em áreas que já haviam sido duramente atingidas pela Covid-19.

 
Oliveira estava ciente de que, ao relatar mais uma variante preocupante, corria o risco de incorrer em novas sanções, que penalizariam economicamente os países da África Austral. No entanto, se manteve firme: “a maneira de deter uma pandemia é com uma ação rápida”, disse o bioinformata. “Esperar para ver não tem sido uma boa opção”, completou, de acordo com a Nature.

Criado em 2017, com Oliveira no comando, o Krisp já havia rastreado patógenos por trás de doenças como dengue e zika, e outros flagelos como aids e tuberculose. No entanto, nunca tantas amostras diferentes do mesmo vírus foram sequenciadas em um período tão curto – tanto na África quanto em todo o planeta.

Influência em políticas

A revista também destaca que a forma de trabalho do Krisp combina tecnologia molecular de ponta com vínculos estreitos com médicos e enfermeiros na linha de frente do coronavírus, para receber informações.

Como exemplo, o mapeamento de um surto hospitalar precoce de Covid-19 resultou em diretrizes para reformulação de alas, de forma a prevenir a propagação do vírus nas instituições.

“Tulio fez um trabalho incrível como pioneiro em uma nova forma de resposta científica às epidemias”, disse à Christian Happi, biólogo molecular que dirige o Centro Africano de Excelência para Genômica de Doenças Infecciosas da Universidade Redeemer, em Ede, na Nigéria.

Em dezembro, Oliveira mudou-se definitivamente para Stellenbosch, nos arredores da Cidade do Cabo, na África do Sul, onde desde julho vem montando o Centro de Pesquisa, Resposta e Inovação em Epidemias (CERI). O local pesquisará formas de controlar epidemias na África e no sul global, e abrigará a maior instalação de sequenciamento da África.

“A principal coisa que mostramos ao mundo é que essas coisas podem ser feitas nos países em desenvolvimento”, disse Oliveira à Nature.

Outros nomes presentes na lista são a ugandensa Winnie Byanyima, diretora do Unaids; a epidemiologista britânica Meaghan Kall; Janet Woodcock, comissária interina da Administração de Alimentos e Remédios dos EUA (FDA, na sigla em inglês); a filipina Victoria Tauli-Corpuz; a cientista Friederike Otto, do Instituto Grantham para Mudanças Climáticas e Meio Ambiente em Londres; Zhang Rongqiao, principal arquiteto da missão da Administração Espacial Nacional da China (CNSA); além de três pesquisadores de novas tecnologias, com enfoque na Inteligência Artificial: o etíope Timnit Gebru, o americano John Jumper e o francês Guillaume Cabanac. (Com agências internacionais)

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