Em mais uma incursão escatológica, o presidente Jair Bolsonaro recobre com doses de “coitadismo” a internação no Hospital Vila Nova Star, na zona sul da capital paulista, em razão de nova obstrução intestinal. Os bolsonaristas aproveitaram o evento para “ressuscitar” o ataque a faca que o então candidato à Presidência da República sofreu na cidade mineira de Juiz de Fora, em 6 de setembro de 2018.
Bolsonaro, que foi duramente criticado por manter as férias no litoral catarinense, enquanto a Bahia sofria com chuvas torrenciais que deixaram 26 mortos e 93 mil desabrigados, publicou nas redes sociais fotos em que aparece no leito do hospital, em mais um episódio de vitimização rasteira e nauseante. Cobrado por não ir à Bahia depois das inundações, o presidente disse que esperava não ter de antecipar o fim das férias.
O cirurgião Luiz Antônio Macedo, que encontrava-se nas Bahamas, foi chamado pelo staff presidencial e deve desembarcar na cidade de São Paulo por volta das 2 horas da manhã de terça-feira (4). Em entrevista ao jornal “O Globo”, o médico disse que examinará Bolsonaro e depois decidirá sobre eventual cirurgia para corrigir o problema que é creditado ao ataque a faca.
“A minha chegada no Brasil e no (hospital) Vila Nova será depois das 2h da manhã. Vou examinar o presidente, apalpar a barriga dele, que é o que interessa. E ver direitinho o caso. Aí elaboraremos um boletim, pela manhã, junto a toda equipe do Vila Nova”, disse Macedo ao jornal carioca.
O UCHO.INFO torce pela recuperação de Jair Bolsonaro, mas qualquer médico recém-formado é capaz de apalpar o abdômen de um paciente e fazer o devido diagnóstico. Essa movimentação serve para reforçar o enredo rocambolesco elaborado pelo núcleo duro do bolsonarismo. É importante ressaltar que por ocasião da internação anterior, também causada por obstrução intestinal, o presidente da República aproveitou o momento para se fazer vítima.
Não se pode ignorar o fato de que quase 620 mil brasileiros tombaram diante do novo coronavírus, mas Bolsonaro se limitou a dizer, entre tantos absurdos vociferados ao longo dos últimos três anos, que a morte é algo certo e sua antecipação decorreu da pandemia.
Faz-se necessário destacar que o presidente chegou a tratar a Covid-19 como “gripezinha” e afirmou, em 22 de março de 20220, semanas após a confirmação do primeiro caso da doença no Brasil, que no máximo morreriam 800 pessoas pela doença causada pelo vírus SARS-CoV-2. Bolsonaro usou como referência as mortes provocadas pela gripe H1N1 no ano anterior.
Quatro dias depois, em 26 de março de 2020, o chefe do Executivo federal afirmou que o contágio pelo novo coronavírus no Brasil não seria como nos Estados Unidos, porque, segundo o presidente, nada acontece com o brasileiro. “Eu acho que não vai chegar a esse ponto [dos Estados Unidos]. Até porque o brasileiro tem que ser estudado. Ele não pega nada. Você vê o cara pulando em esgoto ali. Ele sai, mergulha e não acontece nada com ele”, afirmou.
Em suma, milhares de brasileiros, pagadores de impostos, foram a óbito por causa dos efeitos da Covid-19, em especial pela falta de oxigênio na rede pública de saúde, mas Jair Bolsonaro, o negacionista de plantão, precisa que um médico interrompa as férias no exterior para apalpar seu abdômen. Ou essa epopeia intestinal está mal contada ou roteirista da novela é amador.
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