Farsesco, Bolsonaro ignora ser refém do Centrão e diz que Lula obtém apoio com promessas de cargos

 
Que o presidente Jair Bolsonaro é um farsante movido pela hipocrisia todo brasileiro de bom-senso já sabe. Mesmo assim, o UCHO.INFO alertou os eleitores, em 2018 – e continua fazendo –, sobre o fato de o então presidenciável ser o que na política nacional conhece-se como “mais do mesmo”.

Bolsonaro foi eleito com um discurso moralista que encontrou guarida nos efeitos dos escândalos de corrupção, cujos atores não foram punidos de forma adequada por causa da bizarra atuação do outrora juiz Sérgio Moro e seus comparsas da força-tarefa de Curitiba. O palavrório farsesco do agora presidente da República durou poucos meses, até o Centrão colocar suas garras sobre o criminoso balcão de negócios em que se transformou o Congresso Nacional, onde, vale desatacar, há raríssimas exceções.

Como se fosse a versão tropical e mal-acabada de Don Quixote em cruzada contra a corrupção, Bolsonaro disse nesta quarta-feira (5), após receber alta médica, que o ex-presidente Lula tem conseguido apoio eleitoral com promessas envolvendo o loteamento de seu eventual governo.

“Sabe como o Lula está conseguindo apoio por aí? Com lideranças políticas? Negociando. Eu não vou falar aqui para não polemizar mas para uma dessas pessoas (um líder político), ele ofereceu a Caixa Econômica e um ministério. Assim ele tá fazendo. Então ele consegue adesão de alguns partidos, em troca de ministérios, de bancos oficiais e de estatais”, afirmou Bolsonaro.

 
O comentário descabido sobre Lula, que está na dianteira das pesquisas eleitorais, surgiu quando Bolsonaro foi questionado sobre os pedidos de demissão da ministra Flávia Arruda (PL), chefe da Secretaria de Governo, por integrantes de partidos de aluguel. O presidente alegou “desconhecer onde a ministra está errando” e disse que ele próprio a indicou ao cargo. “Ela não será demitida pela imprensa”.

Se há no Brasil alguém sem condições para condenar o “toma lá, dá cá”, esse certamente é Jair Messias Bolsonaro, que diante da desidratação do seu projeto de reeleição recorre a declarações absurdas e apelativas, confirmando o desespero que tomou conta do Palácio do Planalto.

Na mesma entrevista, Bolsonaro voltou a colocar em xeque a confiabilidade do processo eleitoral brasileiro. O presidente afirmou que o Ministério da Defesa, que acompanha o processo eleitoral, questionou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre supostas fragilidades na urna eletrônica.

“Não tenho preocupação com o TSE. As Forças Armadas foram convidadas pelo ministro Barroso a participar das eleições. Aceitamos. Vamos participar de todo o processo. E a Defesa agora fez alguns questionamentos ao ministro Barroso, do TSE, sobre fragilidades da urna eletrônica. Estamos aguardando a resposta. Pode ser que ele nos convença. Mas se nós não estivermos errados, pode ter certeza que algo tem que ser mudado no TSE”, afirmou.

O presidente da República até o momento não conseguiu provar as aludidas fraudes no processo eleitoral, mas como forma de justificar antecipadamente sua derrota lança questionamentos sobre a segurança das urnas eletrônicas. O Brasil precisará de pelo menos duas décadas para se livrar do legado maléfico de Bolsonaro.

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