Novak Djokovic é retido em aeroporto ao tentar entrar na Austrália sem comprovante de vacinação

 
O tenista sérvio Novak Djokovic foi retido no aeroporto de Tullamarine, em Melbourne, na Austrália, por causa de polêmica envolvendo a autenticidade de um atestado médico que o isenta de tomar vacina contra Covid-19. O número 1 do tênis tentou entrar no país nesta quarta-feira (5) usando uma liberação especial do Australian Open por não ter se vacinado contra o novo coronavírus.

Contudo, o visto apresentado pelo esportista não deu suporte à exceção de vacina por motivos médicos. De acordo com o pai do tenista, Srdjan Djokovic, seu filho aguarda por uma decisão das autoridades locais em uma sala do aeroporto.

A autorização de exceção concedida a Djokovic causou polêmica na Austrália. O primeiro-ministro do país, Scott Morrison, afirmou no início do dia que o sérvio teria de provar que não pode se vacinar contra a Covid-19 ao desembarcar em Melbourne.

Djokovic pousou na Austrália por volta de 23h30 no horário local (9h30 no horário de Brasília) e foi interrogado por oficiais da Força de Fronteira Australiana. A imprensa australiana informou que há dúvida sobre a documentação do tenista para justificar a autorização de exceção para pessoas não vacinadas.

Ministra dos Esportes em exercício do estado de Victoria, Jaala Pulford confirmou que o governo local não acatará o visto de Djokovic. “O governo federal perguntou se apoiaremos o pedido de visto de Novak Djokovic para entrar na Austrália. Não forneceremos a Novak Djokovic apoio individual no pedido de visto para participar do Australian Open. Sempre fomos claros em dois pontos: a aprovação de vistos é um assunto do Governo Federal e as isenções médicas são um assunto dos médicos.

O primeiro torneio do Grand Slam da nova temporada começa em 17 de janeiro, em Melbourne, e apenas jogadores vacinados contra o novo coronavírus ou com licença médica especial estão autorizados a participar do evento esportivo.

Até agora, o atleta, que ganhou nove vezes o Aberto da Austrália, se recusou a divulgar seu status de vacinação. Junto com Roger Federer e Rafael Nadal, o sérvio detém o recorde de 20 conquistas em torneios de Grand Slam. Caso vença em Melbourne, Djokovic chegará a 21 vitórias, superando seus adversários.

“Sem privilégio”

A federação “Tennis Australia” e o governo do estado de Victoria, onde fica Melbourne, disseram que Djokovic foi apenas um de um “punhado” de candidatos bem-sucedidos entre as 26 pessoas que tentaram a isenção de vacinação, e que ele não recebeu tratamento especial no processo de inscrição anônima.

Contudo, o premiê australiano disse que Djokovic terá que apresentar provas de que não pode se vacinar contra a Covid-19. “Se essa evidência for insuficiente, ele não será tratado de forma diferente de ninguém e estará no próximo avião para casa. Não deve haver regras especiais para Novak Djokovic. Nenhuma, de jeito algum”, ressaltou Morrison.

O governo australiano, responsável pelas fronteiras internacionais e pelos vistos, não participou do processo de isenção.

Morrison disse que houve várias isenções concedidas a pessoas que puderam apresentar evidências para embasar o pedido. “Portanto, as circunstâncias não são únicas, a questão é se ele tem evidências suficientes para provar que tem condições que justifiquem essa exceção”, disse o chefe de governo.

 
Controvérsia

A decisão de conceder a Djokovic isenção de comprovante de vacina no torneio gerou fortes críticas na Austrália, onde mais de 90% das pessoas com mais de 16 anos receberam duas doses de vacina contra a Covid-19.

A jornalista Samantha Lewis escreveu no Twitter que é “uma obrigação patriótica” de todos os torcedores vaiar Djokovic durante todo o tempo em que ele estiver no país.

Melbourne teve o lockdown mais longo do planeta para conter o avanço do novo coronavírus e um surto da nova variante ômicron levou os números de casos a níveis recordes.

“Acho que muitas pessoas na comunidade de Victoria acharão isso decepcionante”, ressaltou a secretária interina do Esporte, Jaala Pulford, em entrevista coletiva nesta quarta-feira, após a notícia da isenção de Djokovic. “Mas o processo é o processo; ninguém teve um tratamento especial. O processo é incrivelmente robusto”, assegurou.

O diretor do Aberto da Austrália, Craig Tiley, disse que o processo de inscrição de duas etapas foi realizado de forma confidencial e conduzido por especialistas independentes.

Ele afirmou que todas as solicitações foram avaliadas para garantir que quaisquer isenções atendessem às condições estabelecidas pelo Grupo Consultivo Técnico Australiano sobre Imunização (ATAGI), entidade que assessora o Ministério da Saúde australiano sobre assuntos de imunização.

Tiley disse que essas razões incluem resposta adversa anterior a vacinas, cirurgia grave recente ou miocardite ou evidência certificada de infecção por Covid-19 nos seis meses anteriores.

Ceticismo sobre pandemia e vacina

Djokovic havia dito antes que não tinha certeza se iria competir no torneio devido a preocupações com as regras de quarentena da Austrália.

“Nós entendemos completamente e temos empatia com as pessoas que estão chateadas com o fato de Novak vir, por causa de suas declarações nos últimos dois anos sobre a vacinação”, disse Tiley a repórteres. “No entanto, em última análise, cabe a ele discutir com o público sua condição, se ele decidir fazer isso, e as razões pelas quais ele recebeu a isenção.”

Desde o começo da pandemia da Covid-19, o sérvio tem se mostrado cético sobre os riscos da doença e em relação à vacinação.

Em junho de 2020, ainda na primeira onda de Covid-19 na Europa, o tenista ajudou a organizar um torneio exibição na Sérvia e na Croácia que provocou controvérsia por não incluir regras de distanciamento social ou uso obrigatório de máscaras. Às vésperas do final, o evento foi suspenso por conta de um surto de casos de Covid-19 entre torcedores, treinadores e jogadores. Pouco depois, Djokovic e sua mulher também testaram positivo para o novo coronavírus. (Com agências internacionais)

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